As declarações ao jornal O Estado de S. Paulo do governador eleito de São Paulo, João Doria, defendendo mudanças na executiva do PSDB e que o partido esteja na base do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) provocaram uma nova divisão no tucanato. O ex-prefeito prega uma nova "correlação de forças" interna e já conta com um time de aliados na Executiva Nacional da legenda.
Entre os "doristas" que pregam a renovação ou refundação partidária e a aproximação com Bolsonaro estão o senador Cássio Cunha Lima (PB) e os deputados Antonio Imbassahy (BA) e Bruno Araújo (PE), que é cotado para substituir Alckmin no comando do PSDB.
Aliados do ex-governador, que tem mandato como presidente nacional da sigla até dezembro de 2019, dizem que a atual direção tucana não pode haver alterações até lá.
"Alckmin continua sendo uma liderança nacional e terminará o mandato dele no PSDB. A tendência é que Doria tenha uma liderança grande, mas não única", disse o ex-senador José Aníbal (SP). Ele também advoga a tese que o PSDB vá para a oposição.
Aliados de Doria dizem, porém, que com a aprovação de 1/3 da Executiva pode haver a convocação de uma convenção extraodrinária. Integrante da Executiva Nacional, o ex-governador Alberto Goldman afirmou que o estatuto do partido impede mudanças na direção. "Não há hipótese de reduzir o mandato, a não ser por decisão do próprio Alckmin. É típico da personalidade dele (Doria) querer dominar em vez de agregar", disse Goldman. "O PSDB vai fazer uma oposição responsável;, afirmou o ex-governador.
No momento que Doria prega o apoio a Bolsonaro, Alckmin usou Twitter na segunda-feira para fazer duras críticas ao presidente eleito devido às ameaças contra o jornal Folha de S.Paulo. "Os ataques feitos hoje pelo futuro presidente à Folha de São Paulo representam um acinte a toda a Imprensa e a ameaça de cooptar veículos de comunicação pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo", escreveu o tucano.
Posição
Derrotado na disputa pelo Senado em Pernambuco, o deputado federal Bruno Araújo evitou falar em abreviar o mandato de Alckmin, mas defende que Doria tenha espaço de destaque nas decisões partidárias nacionais. "Doria passou a ser a mais importante voz no processe de rediscussão do partido. Ele será o protagonista dessa nova fase", disse Araújo.
Segundo Araújo, é preferível que hajam fissuras agora do que danos permanentes ao partido. "Nos últimos anos o PSDB teve posicionamentos frágeis e perdeu o protagonismo do enfrentamento contra o PT", afirmou.
A bancada do PSDB na Câmara diminuiu nestas eleições após a onda Bolsonaro: elegeu 29 deputados federais, contra 54 em 2014. Há quatro anos, os tucanos elegeram cinco governadores - em 2018 foram apenas três. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.