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Após fala de Bolsonaro, Moro admite participar do governo do presidente

Cotado para assumir pasta da Justiça, juiz da Lava-Jato afirma que, caso convidado, vai avaliar 'se há convergências importantes e divergências irrelevantes'

. "Pretendo conversar com ele (Moro) para ver se há interesse da parte dele", disse Bolsonaro em entrevista ao SBT. "Se eu tivesse falado isso antes (na campanha) soaria como oportunismo."

Ao Jornal Nacional, o presidente eleito afirmou que Moro é um "grande símbolo" da luta contra a corrupção. "Poderia ser ministro da Justiça ou, abrindo uma vaga no STF, (escolher) a que achar que melhor poderia contribuir para o Brasil."

Aliados de Bolsonaro já haviam dito que Moro era cotado para ocupar uma cadeira no Supremo. Esta é a primeira vez que o nome do juiz é citado como possível ministro. O ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno disse ao jornal ainda durante o segundo turno da campanha presidencial que eventual governo Bolsonaro poderia indicar o magistrado para a Corte.

Moro foi alvo de citações elogiosas e críticas na campanha ao Palácio do Planalto. O candidato do Podemos, Alvaro Dias, vinculou sua candidatura à Lava Jato e tinha como uma de suas principais promessas convidar, caso eleito, o juiz para ocupar o Ministério da Justiça.

Delação. À vésperas do primeiro turno das eleições, Moro divulgou parte da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, decisão que motivou o PT a entrar com uma reclamação contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No trecho da colaboração tornado público, Palocci diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato - sabia do esquema de corrupção na Petrobras desde 2007.

Na reclamação, o PT alegou que Moro mudou a data do interrogatório de Lula e de outros 12 réus na ação do sítio de Atibaia. As audiências, previstas para agosto e setembro, foram adiadas para novembro, a fim de evitar "exploração eleitoral dos interrogatórios", segundo Moro. Para o partido, o mesmo cuidado não foi levado em questão "quando se trata de tornar públicas declarações que, sabidamente, possuem capacidade de influenciar diretamente as eleições gerais de 2018".

Em resposta ao CNJ, o magistrado disse que não teve a intenção de influenciar o resultado da eleição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.