Politica

'Está tudo na paz do Senhor. Paulo Guedes é meu ídolo', diz Lorenzoni

As especulações sobre divergências na equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro aumentaram quando Guedes afirmou, na terça-feira (30/10), que Onyx era 'um político falando de economia'

Agência Estado
postado em 01/11/2018 12:58

Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni

Com um fone no ouvido e um cronômetro na mão, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil, saiu nesta quinta-feira às 7 horas em ponto de seu apartamento funcional, na Asa Norte de Brasília. Correu cinco quilômetros em apenas meia hora. No percurso, ficou atento a notícias sobre política, economia e o novo governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

"Está tudo na paz do Senhor. Paulo Guedes é meu ídolo", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo, quando questionado sobre críticas do futuro ministro da Economia, dias atrás. As especulações sobre divergências na equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro aumentaram quando Guedes afirmou, na terça-feira (30/10), que Onyx era "um político falando de economia".

A "bronca" ocorreu quando o economista soube que o deputado, coordenador da equipe de transição de Bolsonaro, havia feito comentários sobre política cambial e dito que o projeto de reforma da Previdência do governo de Michel Temer não deveria ser aproveitado por ser uma espécie de "remendo".

Onyx ficou quieto. "O momento é de poucas palavras e muito trabalho", costuma repetir. Desde quarta-feira, 31, o futuro chefe da Casa Civil anda sem parar pelo Congresso, entrando e saindo de gabinetes e fazendo reuniões a portas fechadas com bancadas, como a evangélica. Recebe inúmeras reivindicações e a todos responde que Bolsonaro dará a palavra final.

"Estou aqui matando no peito, batendo escanteio e chegando na área para cabecear", afirmou Onyx. Na mão, o celular com o adesivo 17 - número de Bolsonaro na campanha - não para de tocar um minuto. Quando atende, o deputado recorre ao gauchês: "Fala, tchê"

Ao ser perguntado sobre qual será a nova regra para o reajuste do salário mínimo, o homem que será articulador político do Planalto com o Congresso, a partir de 1; de janeiro, franze o cenho. "Guria, não dá para cobrar do governo que nem começou a solução de problemas que têm de ser resolvidos pelo governo que está aí", respondeu ele à repórter.

Na corrida desta quinta-feira nas imediações do prédio onde mora, Onyx não foi reconhecido na rua. Na volta, porém, a vigilante Cláudia Simões o esperava no saguão e quis tirar uma foto. "Suadão assim? Tu quer que eu troque de roupa?", perguntou. Diante da negativa da moça, abriu um sorriso e posou para os cliques. "É gente fina ele, viu?", falou Cláudia, que trabalha no edifício. "Sempre conversa com todo mundo."

No braço direito, Onyx tem a tatuagem do Internacional de Porto Alegre, seu time do coração, a bandeira do Rio Grande do Sul, além da passagem bíblica: "...E a verdade vos libertará" (João 8:32). Pai de cinco filhos e avô de três netos, ele mandou tatuar o nome de todos no braço esquerdo abaixo da inscrição "Família Lorenzoni".

Na próxima segunda-feira, dia 5, o deputado que está no quarto mandato na Câmara visitará o seu novo gabinete na Casa Civil. Esteve no Planalto nesta quarta, conversando com o atual ministro Eliseu Padilha, quando entregou a primeira lista com os 22 nomes de assessores de Bolsonaro, mas confessa que não deu para conhecer nada. "Foi uma correria", afirmou.

A partir de terça-feira, dia 6, Onyx despachará no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da equipe de transição. "Me procura lá, tchê", diz ele a todos que pedem uma conversa reservada.

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