Marqueteiro da campanha de João Doria (PSDB) ao governo em 2018 e de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014, o publicitário Nelson Biondi afirmou que os tucanos erraram em não ter focado os ataques no PT desde o início da campanha presidencial.
Veterano do marketing político, Biondi afirmou que, ao abandonar a polarização, Alckmin abriu espaço para que o então candidato do PSL, Jair Bolsonaro, assumisse o posto ocupado pelo PSDB nas últimas seis eleições presidenciais.
"Eu achava que com aquele tempo todo de TV a eleição seria do Geraldo, mas isso não aconteceu. A situação talvez tivesse sido diferente se o Geraldo tivesse olhado para o PT, e não para o Bolsonaro", disse.
"O eleitor não queria pacificar o país, queria um basta e uma mudança geral", complementou o publicitário André Gomes, sócio de Biondi que também atuou na campanha de Doria.
Sem esconder o alívio de vencer sua última campanha - ele disse que vai se aposentar e jogar golfe -, Biondi classificou o atual governador, Márcio França (PSB), como um adversário "dificílimo" e um "excelente comunicador". "Graças à Deus a eleição presidencial foi para o segundo turno. Isso ajudou a nacionalizar a campanha em São Paulo. A eleição foi ideologia pura."
Os marqueteiros avaliam que foram bem sucedidos na estratégia de "carimbar" França como um político de esquerda, mas que "erraram na mosca" ao mostrar imagens antigas de França antes do tratamento de saúde que o fez perder peso. Biondi disse ainda que, se Paulo Skaf (MDB) tivesse ido para o segundo turno, a disputa não seria ideológica. "Dentre as muitas campanhas das quais participei, está foi a que menos me senti o marqueteiro", disse ele, que também atuou com Jânio Quadros e Paulo Maluf.