Agência Estado
postado em 03/11/2018 11:49
Na nova configuração do Palácio dos Bandeirantes, o governador eleito João Doria (PSDB) vai colocar no centro da articulação política um auxiliar discreto que sempre atuou nos bastidores e evitou os holofotes.
Ex-chefe de gabinete e braço direito do tucano na Prefeitura, o advogado Wilson Pedroso, de 45 anos, vai dividir a linha frente do governo com o vice Rodrigo Garcia (DEM), que deve ser nomeado secretário de Governo. Ambos comandam a equipe de transição.
Pedroso é o mais cotado para assumir a Casa Civil, mas pode também ocupar outra pasta que teria a mesma finalidade. Juntos, eles vão tocar a rotina do governo e também coordenar o projeto político de Doria, que não descarta disputar a Presidência da República em 2022.
Pela primeira vez desde que começou a trabalhar com Doria em janeiro de 2016, Pedroso aceitou ser entrevistado. No local escolhido, um café na Rua Pamplona, na região da Avenida Paulista, próximo ao comitê de Doria, ele não escondeu o desconforto quando questionado sobre os voos altos do governador eleito.
Depois de um breve silêncio, porém, Pedroso não ficou no muro. "É natural ele querer ser candidato a presidente. Gente como o João, que tem perfil executivo, sempre almeja algo maior", afirmou.
Apesar do perfil conciliador, Pedroso deixa claro que a vitória Doria abriu uma "nova fase" no PSDB. "O partido agora tem a cara do João Doria e do Bruno Covas. Não vai mais ter muro".
O primeiro encontro do advogado com Doria foi mediado pelo vereador Mário Covas Neto. Aconteceu no flat do ex-deputado Julio Semeghini em janeiro de 2016 em uma reunião que foi o marco zero do projeto de poder do empresário que então comandava o Lide (Grupo de Líderes Empresariais).
Também estavam presentes na reunião inaugural outros dois tucanos com trânsito na legenda: Felipe Sigollo e Jorge Damião. Naquele momento o favorito para disputar a Prefeitura era o vereador Andrea Matarazzo, que tinha o apoio de tucanos de alta plumagem com Fernando Henrique Cardoso e José Serra. A candidatura de Doria era vista pela maioria do PSDB como uma abstração sem futuro. A empatia entre Pedroso e Doria foi imediata, já que o advogado trabalhou na última campanha política do pai de João Doria, que em 1996 disputou pelo PSDB uma vaga de vereador da capital. Acabou derrotado.
A trajetória política de Pedroso começou aos 14 anos, na juventude do PSDB, onde foi "líder" do atual do prefeito, Bruno Covas, que até hoje é seu amigo. Seu "padrinho" político foi o ex-ministro da Educação Paulo Renato. Em São Paulo, Pedroso foi um dos "menudos", como ficou conhecido o jovem grupo de subprefeitos que atuou nas gestões Serra e Kassab. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.