O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) trocaram farpas pelas redes sociais após o tucano afirmar que declarações recentes de Bolsonaro poderiam prejudicar a imagem do país no exterior.
No domingo (4/11), o presidente eleito publicou em sua página no Twitter uma foto do ex-presidente deitado em uma poltrona, segurando o livro "Prisoner of the State - The Secret Journal of Chinese Premier Zhao Ziyang". A imagem - feita pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2009 para ilustrar reportagem no caderno Casa - rendeu comentários dos seguidores de Bolsonaro de que FHC era adepto do comunismo, já que o livro trata de Zhao Ziyang, ex-líder comunista deposto da liderança do Partido Comunista da China em 1989 por se opor aos massacres ocorridos na Praça da Paz Celestial.
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Nesta segunda-feira (5/11), foi a vez de o ex-presidente responder. FHC acusou o adversário de "desinformação". "A desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos", escreveu o tucano. "Na foto do Twitter do Pr eleito eu apareço lendo um livro de ex-premiê da China, deposto e preso, em que critica o regime. Isso aparece como ;prova; de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo"
Bolsonaro é citado duas vezes no segundo volume dos "Diários da Presidência" (1997-1998), do ex-presidente. Na primeira, o registro é de 12 de junho de 1997. FHC conta que na véspera foi à entrega da comenda da Ordem do Mérito Naval, e viu "uma coisa insólita". "Gente guiada pelo Jair Bolsonaro fazendo arruaça na porta do Grupamento de Fuzileiros Navais contra o ministro da Marinha, porque ele aplicou a lei e puniu um sargento que queria passar para a reserva de uma maneira parece que fraudulenta". O ministro era o almirante-de-esquadra Mauro César Rodrigues Pereira.
O segundo registro, de 21 de agosto de 1997, aborda uma reunião do então presidente com a bancada do PPB, à época o partido de Bolsonaro. "Eram oitenta pessoas e muitas votam constantemente contra mim. Inclusive o Bolsonaro se deu ao luxo de vir. Tem me atacado muito", diz FHC.
Outro dos presentes ao encontro era o deputado federal Roberto Campos, ex-ministro do Planejamento durante a ditadura militar. Segundo os "Diários", Campos falou em inglês, "para que outros não entendessem que o Congresso é o melhor lugar do mundo, mas tem os piores homens do planeta, e riu muito". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.