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Operação da PF prende Joesley Batista e vice-governador de MG

A Polícia Federal investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 09/11/2018 07:33

A Polícia Federal investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff
A Polícia Federal prendeu preventivamente, nesta sexta-feira (9/11), o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), e o executivo da J Investimento Joesley Batista, em desdobramento da Operação Lava-Jato. Ricardo Saud, ex-diretor da J, também é alvo de um mandado de prisão.

[SAIBAMAIS]A Operação, denominada Capitu, investiga um suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que na época era comandado por Antonio Andrade.

Ao todo, são cumpridos 62 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso do Sul. Joesley foi preso em São Paulo e Andrade, no interior de Minas Gerais, na cidade de Vazante. .

O nome de Magalhães já havia sido citado na Lava-Jato no ano passado, em razão da divulgação de um áudio em que ele cobrava propina de R$ 4 milhões de Ricardo Saud. Antes de chegar à Assembleia Legislativa, Magalhães foi deputado federal por quatro mandatos. Há, ainda, outros dois presos: o executivo da JBS Demilton de Castro e o deputado federal eleito Neri Geller (PP/MT), que foi ministro da Agricultura em março e abril de 2014.


Delação

A Operação se baseia em delação de Lúcio Bolonha Funaro ; doleiro ligado ao MDB ; sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Mapa em 2014 e 2015. A organização criminosa, segundo a PF, atuava na Câmara dos Deputados e no Mapa, e era formada por empresários e executivos da JBS.

O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade, foi ministro da Agricultura entre março de 2013 e março de 2014, durante o governo Dilma Rousseff

"Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado", informou a PF. Em um dos casos, a JBS teria pago R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos. Em outro, teriam sido R$ 5 milhões pela proibição de um remédio de parasitas de longa duração.


O empresário Joesley Batista havia sido preso em setembro de 2017, depois que a Procuradoria Geral da República (PGR) rescindiu o acordo de delação premiada por suposta omissão de informações nos depoimentos. O empresário foi solto em março por decisão do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12; Vara da Justiça Federal de Brasília.

O advogado de Joesley, André Callegari, disse que recebeu o pedido de prisão com surpresa e que o empresário é colaborador da Justiça. "Joesley Batista é colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função. Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários", comentou a defesa por meio de nota.

Por que Capitu?

A operação foi batizada com o nome da famosa personagem de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, porque a PF verificou que empresários e funcionário da JBS, que inicialmente atou um colaboração premiada com a polícia, teria praticado atos para obstruir a Justiça e prejudicar as investigações. No livro de Machado de Assis, Capitu é uma personagem dissimulada e acusada de traição por Bentinho.

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