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'Cubano que quiser asilo aqui, vai ter', diz Bolsonaro sobre Mais Médicos

O presidente eleito Jair Bolsonaro também ressaltou que o embaixador Ernesto Araújo é visto como um dos mais competentes para assumir o Ministério das Relações Exteriores

Hamilton Ferrari
postado em 14/11/2018 17:57
O presidente eleito também destacou que o Brasil forma em torno de 20 mil médicos por ano e a tendência é aumentar esse número
Em reação ao anúncio de que Cuba sairá do programa Mais Médicos, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em entrevista a jornalistas, que não há qualquer comprovação de que os cubanos sejam médicos e aptos a desempenhar a função no Brasil. Mas alegou que as pessoas do país terão asilo no território nacional se quiserem. Ele também ressaltou que o embaixador Ernesto Araújo é visto como um dos mais competentes para assumir o Ministério das Relações Exteriores.

As declarações foram dadas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na tarde desta quarta-feira (14/11). O local é o ponto de reuniões da equipe de transição. Segundo Bolsonaro, quando o programa Mais Médicos foi levado para a Câmara, há quatro anos, ele foi contra. ;É uma questão humanitária. É desumano deixar os profissionais aqui afastados de seus familiares. Tem muita senhora desempenhando sua função de médico e seus filhos menores estão em Cuba;, apontou o presidente eleito.

Ele ainda defendeu que é um tema que também afeta as relações trabalhistas. ;Em torno de 70% do salário desse médico é confiscado para a ditadura cubana. Outra coisa, que é um desrespeito com quem recebe tratamento por parte desses cubanos. Não temos qualquer comprovação que sejam realmente médicos e sejam aptos a desempenhar sua função. Agora, a decisão de suspender isso foi unilateral por parte da ditadura cubana;, declarou.

Com a decisão de Cuba, 11 mil médicos tendem a sair do país. O programa foi criado para que as pessoas de locais mais precários do Brasil tenham acesso ao serviço de saúde. Perguntado se vai convidá-los a permanecer no país, Bolsonaro refutou a ideia. ;Jamais faria acordo com Cuba nesses termos. Isso é trabalho escravo, nem análogo à escravidão, e não posso compactuar isso aqui. Eu sou democrata, diferentemente do governo PT e foi renovado esse contrato no governo Temer;, ressaltou.

Mesmo sem acordo com Cuba, ele disse que as pessoas que quiserem asilo no Brasil, terão. ;Temos que dar o asilo às pessoas que queiram. Não podemos continuar ameaçando como foram ameaçadas no governo passado. [...] Se eu for presidente, o cubano que quiser pedir asilo aqui, vai ter;, apontou.

Bolsonaro reforçou, porém, que há relatos de ;verdadeira barbaridade; cometida por parte dos médicos. Citou o caso de uma ;história mal contada; de um cubano no Ibirapuera, ;pego há pouco tempo que era capitão do exército cubano. Então essas pessoas não podem continuar existindo no Brasil;, destacou.

O presidente eleito também destacou que o Brasil forma em torno de 20 mil médicos por ano e a tendência é aumentar esse número. ;Nós podemos suprir esse problema com esses médicos. Agora, o programa não está suspenso. Outros países podem vir para cá. A partir de janeiro pretendemos dar satisfação às populações desassistidas;, relatou Bolsonaro.

De acordo com o presidente eleito, qualquer profissional da saúde que atua no Brasil precisa de comprovação que é competente. ;Se esses médicos (cubanos) fossem bons profissionais, estariam ocupando ali o quadro de médicos nosso que atendia o governo Dilma (Rousseff) no passado. E não foi dessa forma. Vocês mesmos... Eu duvido que vocês queiram ser atendidos pelos cubanos;, opinou.

Embaixador



O presidente eleito anunciou, em sua conta no Twitter, que o embaixador Ernesto Araújo será o próximo ministro das Relações Exteriores. Durante a entrevista, Bolsonaro disse que conversou muito com ele ao longo desses dias. "Pelo perfil dele, suas propostas, sua vida pregressa. São 29 anos no Ministério. É uma pessoa bastante experiente, apesar de ser um jovem de 51 anos de idade", ressaltou.

Araújo é conhecido por ter um blog de apoio à Jair Bolsonaro. Ele será responsável por ditar as relações com outros países. Antes de assumir o Palácio do Planalto, Bolsonaro já criou atritos e desgastes com outros países. Caberá ao novo chefe do Itamaraty diminuir as turbulências no cenário internacional.


Michel Temer



Perguntado se existia a possibildidade do atual presidente Michel Temer assumir alguma embaixada fora do Brasil ; o que garantiria foro privilegiado ao emedebista ; Bolsonaro apontou que não conversou com nenhum integrante do governo atual para assumir esses cargos ou ministérios. "Quem estiver devendo para a Justiça, não terá a minima chance de estar num governo meu. Quem não estiver, podemos até conversar", ressaltou.


Como mostrou o Correio, fontes do Palácio do Planalto disseram que Temer seria um forte candidato para assumir embaixada em Roma.


Novos ministérios



Bolsonaro admitiu que a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, se reuniu com a equipe de transição. Ela seria uma das cotadas para assumir o Ministério da Educação. O presidente eleito ressaltou que está atrás de um ministro para área e "não quer dizer que vai sair de uma orientação" de Viviane.

"Nós queremos um ministro da Educação que realmente seja bastante ativo, porque há um emparelhamento enorme na educação e a prova disso: as provas do Pisa ; que são coordenadas pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estamos em último lugar", criticou. "É uma vergonha isso aí. 200 universidades melhores do mundo, nenhuma brasileira. Nós não queremos formar militantes. Algumas universidades são bem-vindas, formam bons profissionais. Mas não está sendo essa a regra geral de formar bons profissionais", completou.

Sobre a pasta de Agricultura, Bolsonaro afirmou que ainda estão definindo os nomes.

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