Politica

Bolsonaro sobre embaixada para Temer: 'Quem não deve à Justiça pode vir'

O presidente eleito não negou enfaticamente que pode convidar o presidente Michel Temer e o chanceler Aloysio Nunes para o cargo de embaixador, mas afirmou que cargo deve ser oferecido a "quem não estiver devendo à Justiça"

Bernardo Bittar
postado em 14/11/2018 18:19
Bolsonaro concedeu entrevista coletiva ao lado do futuro chanceler, Ernesto Araújo
Ao ser questionado sobre a possibilidade de nomear o atual presidente da República, Michel Temer, ou o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, para o posto de embaixador, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não negou enfaticamente essa possibilidade, mas sugeriu que pretende colocar à frente das representações diplomáticas brasileiras quem não estiver "devendo à Justiça".

"Não há conversas com o governo. Mas quem não estiver devendo à Justiça poderá vir conversar", afirmou, durante coletiva de imprensa em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), quando apresentou .

Na semana passada, o Correio apurou com interlocutores do Itamaraty e do Planalto que há possibilidade, sim, de Temer ser convidado para assumir uma embaixada. A mais cotada seria a representação na Itália. O Planalto negou e o MRE informou que "a decisão será do próximo presidente da República". Pessoas próximas a Temer responderam ao jornal que, entre os motivos para a recusa, estaria o fato de o cargo estar diretamente subordinado ao presidente Bolsonaro.

Embora o presidente Michel Temer esteja com processos tramitando em tribunais superiores, denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele foram engavetadas pelo Congresso. O presidente, entretanto, responde por denúncias de organização criminosa e obstrução de Justiça, no caso envolvendo Joesley Batista. Além disso, é citado em delações e foi chamado a testemunhar em processo que analisa os desvios de verba na Petrobras.

Os processo envolvendo Temer voltam a tramitar assim que ele deixar o governo, em janeiro. Isso ocorre porque o presidente perderá o foro privilegiado. A menos que assuma outro cargo público, como, por exemplo, uma embaixada brasileira. Fontes próximas a el, porém, disseram que o presidente não vê vantagem no foro privilegiado, pois acha que o STF tem sido excessivamente duro com ele


Aloysio Nunes

Atual chanceler, Aloysio Nunes não tem processos na Justiça, portanto, corresponde ao perfil desejado pelo presidente eleito. No MRE, comenta-se que o nome dele foi "colocado à mesa". A pasta não havia respondido aos questionamentos do Correio até a última atualização desta matéria.

Em agosto, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) registrou dois votos a favor do arquivamento do inquérito aberto para investigar o senador licenciado. Nunes foi citado por delatores ligados à Odebrecht e uma investigação foi aberta a pedido da PGR durante o ano passado.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação