O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), bateu o martelo e indicou o embaixador Ernesto Araújo para o Ministério das Relações Exteriores. A proximidade do ministro de primeira classe com o pesselista sinalizava que ele teria alguma vaga cativa no governo. Conforme o Correio divulgou na edição de 3 de outubro, o nome de Araújo era considerado ainda durante a campanha ; e chegou a ser cotado para assumir a Defesa. A decisão foi escolher para o Itamaraty alguém de carreira.
A opção por Araújo mantém o critério de seleção do presidente eleito. O futuro ministro tem afinidade com a política externa almejada por Bolsonaro. Desde a campanha, o presidente eleito defende uma política externa sem ;viés ideológico;. Ao justificar a escolha pelo indicado, ressaltou o tema. ;Terá como missões, obviamente, motivar o ministério e incrementar a questão de negócio com o mundo inteiro, sem viés ideológico, de um lado ou de outro;, declarou.
O objetivo do próximo chanceler é garantir que a gestão de Bolsonaro se traduza na diplomacia em uma política efetiva do interesse nacional. ;De um Brasil atuante, feliz e próspero;, destacou. Abertamente, o ministro indicado declarou que a política externa não terá preferências e beneficiará a todos, mas, sobretudo, aos brasileiros. ;Temos relação excelente com todos os parceiros;, declarou.
Na prática, a condução da política externa dele deve ser outra. Em um blog que mantém na internet, Araújo critica o globalismo. Com tons nacionalistas nas publicações, defende os interesses individuais de uma nação acima do coletivismo mundial e protestou contra o que chama de uma ;ideologia manipuladora;, que ;cria uma histeria permanente sobre justiça social e minorias, sem fazer absolutamente nada concreto nem pelas minorias, nem pela maioria.;
O ministro é um crítico do marxismo. Avalia que o pensamento socialista tem, por objetivo, ;eliminar todas as contradições da vida humana, criando a sociedade comunista e promovendo o fim da história;. Também é um entusiasta do presidente norte-americano, Donald Trump. ;O presidente Donald Trump propõe uma visão do Ocidente não baseada no capitalismo e na democracia liberal, mas na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações;, diz em um texto. A afinidade de ideias com Bolsonaro sugere uma política externa de comércio com nações capitalistas e de barreiras a países socialistas e ditatoriais.
A confiança de Bolsonaro em Araújo não é respaldada integralmente dentro do Itamaraty. A escolha gerou ruídos no ministério, uma vez que a hierarquia dentro da pasta é quase militar. O futuro chanceler nunca foi um diplomata de alto escalão, argumentam técnicos, nem chefiou uma embaixada. Para um ministro de primeira classe ouvido pela reportagem, porém, Araújo é qualificado para conseguir uma articulação política e econômica. O fato de ele ser um servidor de carreira joga a favor. ;Gera ganhos de eficiência imediata. Conhece os processos e os atores. Saber as estruturas cria sinergia e capacidade de atuar rapidamente e enfrentar as situações.;
Próximos passos
Oito ministérios estão com a nomeação resolvida e outras devem sair nos próximos dias. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o coordenador do grupo de transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou que será criado o Ministério da Cidadania. A pasta vai cuidar das áreas de desenvolvimento social, direitos humanos e políticas de combate às drogas. Também citou a possibilidade de criar um Ministério da Produção, com parte das atividades dos ministérios do Trabalho e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.O futuro do Ministério da Educação também está se encaminhando. Ontem, Bolsonaro confirmou que tem conversado com a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, que é um nome cotado para a pasta. ;Estamos atrás de um ministro. Não quer dizer que vai sair de uma orientação dela. Nada está garantido no tocante a isso;, afirmou.
"(Ernesto Araújo) Terá como missões, obviamente, motivar o ministério e incrementar a questão de negócio com o mundo inteiro, sem viés ideológico, de um lado ou de outro;
Jair Bolsonaro, presidente eleito