Politica

Ambientalistas e europeus questionam escolha do novo chanceler

Ambientalistas e cientistas do clima reprovam o anúncio de Ernesto Araújo como futuro ministro das Relações Exteriores. Diplomata é crítico da teoria que associa a emissão de gases de efeito estufa ao aquecimento do planeta

Paloma Oliveto
postado em 17/11/2018 07:00
Para Araújo, o que ele chama de

O anúncio de que no governo de Jair Bolsonaro desagradou ambientalistas e cientistas climáticos. O diplomata é um conhecido crítico da teoria que associa a emissão de gases de efeito estufa ao aquecimento do planeta. No blog mantido por ele, o Metapolítica 17, sustenta que essa relação, demonstrada por estudos científicos, não passa de retórica de partidos da esquerda.

Num post de 12 de outubro, o futuro chanceler chama de ;climatismo; o que seria uma ;ideologia climática;, e discorre: ;O climatismo juntou alguns dados que sugeriam uma correlação do aumento de temperaturas com o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, ignorou dados que sugeriam o contrário e criou um dogma científico que ninguém mais pode contestar, sob pena de ser excomungado da boa sociedade ; exatamente o contrário do espírito científico;.

A relação entre elevação de gases de efeito estufa e aquecimento já foi demonstrada em centenas de estudos teóricos e práticos. No ano passado, o Nobel de Economia premiou os norte-americanos William Nordhaus e Paul Romer, que criticam o desenvolvimento insustentável e alertam sobre os riscos das mudanças climáticas antropogênicas.

Araújo, porém, oferece uma explicação alternativa a dos cientistas do clima. ;Esse dogma (o ;climatismo;) vem servindo para justificar o aumento do poder regulador dos Estados sobre a economia e o poder das instituições internacionais sobre os Estados nacionais e suas populações, bem como para sufocar o crescimento econômico nos países capitalistas democráticos e favorecer o crescimento da China.;

A preocupação dos ambientalistas justifica-se pelo protagonismo do Itamaraty nas negociações climáticas, especialmente nas conferências do clima, as COPS, da Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas. Em nota, o Observatório do Clima, que reúne instituições atuantes no tema, classificou de ;estarrecedora; a escolha de Ernesto Araújo. ;Sua nomeação contraria uma longa tradição da política externa brasileira e traz o risco de tornar o Brasil um anão diplomático e um pária global. O radicalismo ideológico manifesto nos escritos do futuro ministro cria, ainda, uma ameaça para o planeta, ao negar a mudança do clima e, presumivelmente, os esforços internacionais para combatê-la.;

O Observatório lembra que o Brasil esteve à frente de negociações, como a Conferência de Estocolmo, em 1972; sediou a Agenda 21 da ONU, em 1992; liderou a defesa dos países em desenvolvimento no Protocolo de Kyoto, em 1997; foi um dos idealizadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em 2012; e um dos principais negociadores do Acordo de Paris em 2015. O país está cotado para sediar a COP de 2019.


Crítica na Inglaterra

Reportagem publicada, ontem, pelo prestigioso jornal britânico Independent diz que ;A nomeação de Ernesto Araújo, nomeado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como o principal diplomata do país, será uma grande preocupação para aqueles que já estão alarmados com a extensão do colapso climático global;.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação