Politica

Bloco de oposição a Bolsonaro no Congresso estaria dividido

No próximo ano, bloco de cinco partidos deverá atuar, independentemente dos petistas; na Câmara, o que pode reduzir a resistência em relação ao governo. No Senado, quadro de fragmentação é ainda mais forte

Gabriela Vinhal
postado em 19/11/2018 06:00
O governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, vai enfrentar resistência no Congresso no ano que vem por parte da oposição. A intensidade vai depender, entre outros fatores, do tipo de arranjo a ser definido. Divisões no grupo indicam poder de fogo menor do que poderia ser esperado.

A maior bancada eleita na Câmara dos Deputados é do PT, partido que disputou o segundo turno contra o PSL, de Bolsonaro. No entanto, a sigla está sendo isolada pela formação de uma frente ampla com partidos da esquerda, como PSB, PDT, PC do B, Rede, PV e PSol. A ideia é que a oposição mantenha diálogos com o futuro governo, mas faça resistência às pautas unânimes entre eles.

De acordo com o líder do PC do B, o deputado Orlando Silva (SP), e com o líder do PDT, o deputado Tadeu Alencar (CE), as siglas formarão uma bancada da oposição na Câmara. A legenda presidida por Gleisi Hoffmann, contudo, deverá ficar de fora, fazendo contato só quando necessário. Ambas as lideranças afirmam que ter o PT por perto pode ser uma opção vantajosa, pela história de luta e resistência. O afastamento entre os demais partidos da esquerda com a sigla petista ocorreu depois que o PT afirmou que deveria centralizar a liderança da frente de oposição.

;Vamos ouvir primeiro as bancadas dos parlamentares das suas Casas e vamos partir para negociações com forças políticas que defendem a manutenção da democracia. Os partidos de esquerda não ficaram felizes com a declaração do PT de que há um comandante da oposição. Faremos um bloco amplo, que já tem diálogo avançado com o PDT e PC do B, e poderá reunir o PPS e o PV;, disse Carlos Siqueira, presidente do PSB.

O que uniu os partidos foram as convergências políticas. Mas garantem que não vão ;obstruir por obstruir;. Decidiram ser oposição ao governo e às pautas pela eleição de Bolsonaro, um candidato da extrema direita. O objetivo é não inviabilizar o governo, nem fazer uma ;oposição sistemática;. ;O PT é muito importante. Temos de manter um canal aberto com esse partido, mesmo que queiram ter controle sobre algo que não é devido. Todos os partidos que quiserem se unir contra Bolsonaro serão bem-vindos;, disse um assessor do PDT.

Obstruções

Já no Senado Federal, a oposição agirá de forma ainda mais fragmentada. A ideia é não formar uma frente organizada, mas deixar que cada partido articule a obstrução e, no fim, ser condizente com as mesmas propostas. ;Não será muito organizado, porque têm vários veteranos que fazem política. A ideia é fazer cada bancada por si só e só se reunir quando for um assunto em comum;, afirmou uma liderança da Casa. No entanto, ela destacou que o diálogo com o PT não está entre as prioridades dos parlamentares. Criticam o posicionamento da legenda quanto ao poder. ;Não seremos só muletas;, completou.

Cogita-se, ainda, abrir o leque de negociação e mobilização com partidos de centro, como o PSDB. O líder da Rede na Casa, senador Randolfe Rodrigues, se reuniu na semana passada com o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, para articular essa movimentação. Ele quer oficializar o bloco contra o governo com a presença do partido de FHC. Há, contudo, divergências entre os parlamentares. Alguns afirmam que dependerá do resultado da Presidência da Casa. ;Pautas em comum surgirão e, se houver um bom diálogo, a frente pode aumentar. Mas dependerá de quem presidir o Senado;, pontuou um líder tucano.

Campanha de Haddad deixa dívida de R$ 3,8 mi

O candidato à Presidência derrotado Fernando Haddad (PT) declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter arrecadado R$ 35,4 milhões durante a campanha. De acordo com os documentos enviados à Justiça Eleitoral, as despesas somaram R$ 39,2 milhões, sendo que R$ 33,6 milhões foram efetivamente pagos. A dívida de campanha chega a R$ 3,8 milhões, que, de acordo com o Diretório Nacional do PT, será assumida pelo partido. A legenda afirma que o saldo devedor será quitado ;via fundo partidário ou com recursos que serão depositados na conta bancária específica de campanha, observados os requisitos da lei eleitoral;. O prazo final para entregar as informações sobre as contas do período eleitoral terminou ontem. Para os eleitos serem diplomados, inclusive o presidente, é necessário que as contas sejam julgadas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação