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Associações ligadas à saúde comemoram a escolha do novo ministro

Luiz Henrique Mandetta vai assumir a pasta. O 10º ministro confirmado diretamente por Jair Bolsonaro também é o terceiro filiado do Democratas a se juntar à equipe do presidente eleito

Camilla Venosa - Especial para o Correio , Rodolfo Costa , Hamilton Ferrari, Otávio Augusto
postado em 21/11/2018 06:00
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que Mandetta só será desligado do governo se houver uma denúncia: 'Nem é réu ainda'
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), bateu o martelo e indicou o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) para o Ministério da Saúde. É o terceiro indicado do Democratas e o 10; ministro confirmado diretamente pelo pesselista. Até o início do dia, eram oito integrantes. O outro auxiliar confirmado é o ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, que será reconduzido ao cargo. É o único ministro do presidente Michel Temer (MDB) que deve permanecer no posto.

Aos 10, somam-se o secretário-geral do governo de transição, Gustavo Bebbiano (PSL), que tem auxiliado na articulação política. O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), sugeriu que ele comandará a Secretaria-Geral da Presidência da República. O nome não foi confirmado por Bolsonaro, mas dá a sinalização de que o primeiro escalão da equipe ministerial do próximo governo já conta com 11 nomes.

Os dois novos ministros indicados contam com bagagem técnica para os respectivos cargos e têm similaridades com a carreira militar de Bolsonaro, capitão reformado do Exército. Rosário foi capitão do Exército, é um especialista em combate à corrupção e foi o primeiro servidor de carreira da CGU a assumir o cargo de secretário-executivo e ministro da pasta. Mandetta é médico ortopedista pediátrico e foi tenente médico no Hospital Geral do Exército. Exerceu atividades na saúde pública e suplementar de Campo Grande antes de entrar na carreira política. Foi, por sinal, a experiência no Congresso que sacramentou a indicação.

A indicação de Mandetta tem respaldo da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB). Porém, o que pesou para Bolsonaro foi o sinal verde da Frente Parlamentar da Saúde. ;A escolha foi da bancada da saúde da Câmara, das Santas Casas do Brasil, das mais variadas entidades médicas de todo o Brasil. A exemplo da agricultura, eu acolhi a indicação dessas entidades que querem uma saúde realmente diferente, e fiz a escolha do Mandetta;, disse Bolsonaro.

Apesar dos apoios políticos e técnicos, Mandetta tem no histórico suspeitas de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois na implementação de um sistema de prontuário eletrônico em Campo Grande, quando foi secretário de Saúde da capital sul-mato-grossense, entre 2005 e 2010. O deputado se mostrou tranquilo em relação às investigações. Ele frisou que não é réu em nenhum processo e que, caso venha a ser, apresentará as explicações a Bolsonaro. ;Hoje, no Brasil, a gente vive esse drama de dizer que uma pessoa é investigada. Não sou réu. Não tenho ainda condição nem de saber quais são as eventuais culpabilidades impostas a mim. Quando for, e se for o caso, apresento ao presidente (as explicações);, declarou.

Com a indicação sob a mira de críticas, Bolsonaro procurou jogar panos quentes. Acobertou o ministro, ressaltando que ele não é réu, nem condenado, mas deixou claro que, em caso de denúncia ;robusta;, ele será desligado do governo. ;Tem uma acusação contra ele de 2009, se não me engano. Não deu um passo esse processo ainda, nem é réu ainda. O que está acertado entre nós é que qualquer denúncia ou acusação que seja robusta ele não fará parte do nosso governo;, afirmou.

Mesmo sendo investigado, o nome de Mandetta foi bem-recebido entre representantes de entidades ligadas ao setor. Um integrante do CFM, que pediu para não ser identificado, revela que a entidade temia que o próximo ministro não fosse alguém ligado à medicina. ;É sempre mais penoso quando uma escolha política interfere numa técnica. A pasta tem muitos problemas e diversas particularidades para uma pessoa assumir sem a mínima afinidade com o tema;, justificou.

Recondução


Por outro lado, a distância de Wagner Rosário dos holofotes rendeu uma repercussão mais tímida a respeito da recondução ao cargo. Bolsonaro declarou que ele faz um trabalho exemplar. ;Quem está dando certo pode continuar. Pesou realmente ter mais autoridade para conversar com todos os setores da sociedade;, declarou. Apesar de menos comentada, a indicação dele foi elogiada por Jorge Hage, ex-ministro da CGU e sócio do Hage Compliance.

Para o consultor, é positiva, pois significa a manutenção da CGU e não uma dissolução ou fusão, como chegou a ser ventilada no início do governo de transição. Hage enaltece que ele é servidor de carreira e lembra que o órgão exerce atividades de Estado, não de governo. ;Logo, é muito importante que se assegure a continuidade regular do seu funcionamento, independentemente do partido político no poder;, sustentou.


Crítica ao Mais Médicos


Mandetta afirmou que o Mais Médicos precisará ser revisto porque começou errado na sua concepção. ;Não deveria ter esse nome. Deveria se chamar Mais Saúde;, afirmou ele. O futuro ministro da Saúde criticou o modelo e afirmou que será preciso ser revisto porque a concepção era de um contrato entre Cuba e o PT e não entre o ministério e os médicos. ;Primeiro, precisamos saber o que é boato e o que é verdade;, afirmou ele, sobre o risco de saída de 8 mil médicos cubanos do país. Mandetta, que é médico, evitou escolher uma área prioritária em sua gestão à frente da pasta. ;Tudo em saúde é prioridade;.

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