Politica

Futuro chanceler de Bolsonaro afirma que vai 'libertar o Itamaraty'

Em artigo, Ernesto Araújo diz querer combater o "marxismo cultural" e "acabar com a ideologia em política externa"

Agência Estado
postado em 28/11/2018 09:37

Para o futuro chanceler, a nova política externa precisa traduzir a 'sagrada voz do povo', entendida como a voz do presidente eleito

O futuro ministro das Relações Exteriores do governo Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo, escreveu em artigo publicado na segunda-feira (26/11), no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, que vai "acabar com a ideologia em política externa", e que o presidente eleito confiou a ele a missão de "libertar o Itamaraty" do "marxismo cultural".

O novo chanceler afirma que pautará sua atuação pelo combate a políticas que compactuam com o que classifica como "alarmismo climático", "pautas abortistas e anticristãs em foros multilaterais" e a "destruição da identidade dos povos por meio da imigração ilimitada".

Araújo diz que para "extirpar das relações internacionais brasileiras a ideologia do PT", é preciso combater o "marxismo cultural", que busca controlar não mais os meios de produção material, mas de produção intelectual. "Quando me posiciono contra a ideologia de gênero, contra o materialismo, contra o cerceamento da liberdade de pensar e falar, você me chama de maluco. Mas se isso não é o marxismo, com estes e outros de seus muitos desdobramentos, então qual é a ideologia que você quer extirpar da política externa?", pergunta ao leitor.

;Torre de marfim;


No começo do texto, Araújo diz que "parte da imprensa e dos colegas diplomatas" esperava que Bolsonaro escolhesse um chanceler que mantivesse a política externa em uma torre de marfim, "sob a desculpa de que a política externa é algo demasiado técnico para ser entendido por um simples presidente da República, muito menos por seus eleitores". Alguém que "saísse pelo mundo pedindo desculpas", alguém responsável por "frear o ímpeto de regeneração nacional".

Para o futuro chanceler, no entanto, a nova política externa precisa traduzir a "sagrada voz do povo", entendida como a voz do presidente eleito. Essa voz, segundo Araújo, deve ser autêntica e não "dublada no idioma da ONU, onde é impossível traduzir palavras como amor, fé e patriotismo".

Adotando o discurso "antiglobalista", Araújo diz que "em uma democracia, a vontade do povo deve penetrar em todas as políticas", mas que a "mídia" e a burocracia globalista "que gostam tanto de falar em democracia, não sabem disso. Perguntam-se, assustadas: ;O que vão pensar de mim os funcionários da ONU, o que vai dizer de mim o New York Times, o que vai dizer The Guardian, Le Monde?;", escreveu o embaixador.

O futuro ministro defende que o País precisa de "alguém que entenda de ideologia" para acabar com ela no Itamaraty, ao reconhecer suas "causas, manifestações, estratégias e disfarces". "Vencida na economia, a ideologia marxista, nas últimas décadas, penetrou insidiosamente na cultura e no comportamento, nas relações internacionais, na família e em toda parte", afirma. "Se você repudia a ;ideologia do PT;, mas não sabe o que ela é, desculpe, mas você não está capacitado para combatê-la e retirá-la do Itamaraty ou de onde quer que seja. Ao contrário, você está ajudando a perpetuá-la sob novas formas."

Por fim, Araújo diz que estudou os intelectuais marxistas para poder combatê-los. Segundo ele, não basta dizer "não existe mais ideologia no Itamaraty". "Ou basta pronunciar ;pragmatismo; como uma palavra mágica que se instalará sozinha? Gramsci, Lukács, Koj;ve, Adorno, Marcuse estão rindo da sua cara. Ou melhor, não estão rindo, porque marxista não tem senso de humor", finaliza Araújo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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