Politica

Futuro da Funai vira jogo de empurra no governo de transição de Bolsonaro

Há a possibilidade da autarquia ficar no futuro Ministério dos Direitos Humanos %u2014 ainda sem chefe

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/12/2018 06:00

Funai em Brasília

O futuro da Fundação Nacional do Índio (Funai) continua incerto. A autarquia segue desprestigiada e entregue ao ;empurra-empurra;. É uma consequência do enxugamento da atual estrutura da Esplanada dos Ministérios, que resultou na criação de ;superministérios;. Os ministros indicados da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e da Cidadania, Osmar Terra (MDB), titulares de pastas para onde o órgão pode ser transferido, dizem que o martelo ainda não foi batido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Em meio às indefinições, sugestões começam a vir à tona. Agora, há a possibilidade de que fique no futuro Ministério dos Direitos Humanos ; ainda sem chefe.

Os próximos ministros relutam em admitir enfaticamente que manter a autarquia federal responsável pela política indigenista na Justiça ou Cidadania seja um fardo sob o ponto de vista orçamentário. O que mais chega perto de admitir isso é Terra, que avalia ser mais prudente que o órgão fique em um ministério com ;estrutura maior; para se dedicar ao tema.

O Ministério da Cidadania englobará os atuais ministérios do Desenvolvimento Social, do Esporte e da Cultura. E ainda ficará com a Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho, que será desmembrado. Tantas atribuições levam Terra a defender a tese de encaminhar a Funai a um ministério menos sobrecarregado. ;Acho que pode ser bom no Direitos Humanos. Pode ficar até na Secretaria de Governo. De qualquer maneira, tem que ser um ministério que dê relevância ao tema. Mas essa é uma decisão que o presidente vai tomar;, ressaltou.

O conselho de Terra pode ser adotado por Bolsonaro. Ontem, Moro disse que a Funai pode ficar na Justiça. Porém, o presidente eleito declarou que o futuro ministro ;está sobrecarregado;. Onde a pasta ficará, no entanto, ainda é incerto. ;Vai para algum lugar onde o índio receberá o tratamento que ele merece. O índio quer se integrar à sociedade. Ele quer aquilo que nós queremos: energia elétrica, médico, dentista, internet, jogar um futebol;, declarou.

Polêmica

A abertura de investigação contra o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), é outra dor de cabeça para Jair Bolsonaro. O constrangimento causado ao governo motivou o presidente eleito a se posicionar. Afirmou que vai ;usar a caneta; se houver denúncia robusta no caso. O aliado é suspeito de receber R$ 100 mil por meio de caixa 2 em 2012, sendo citado em depoimentos de acordo de delação premiada de executivos da J. A pressão também veio do vice eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), que disse ser ;óbvio; que Onyx ;terá que se retirar do governo;, caso seja comprovado o envolvimento no escândalo. Bolsonaro seguiu a linha. ;Em havendo qualquer comprovação, obviamente, ou uma denúncia robusta contra quem quer que seja do meu governo que esteja ao alcance da minha caneta ;Bic;, ela será usada;, disse.

Colaboram Lucas Valença e Murilo Fagundes

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