Terceira bancada a ser recebida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, o PR anunciou nessa quarta-feira (5/12) que vai integrar a base aliada do novo governo, mas que a adesão às propostas dependerá do convencimento dos parlamentares. Segundo o líder do partido na Câmara, deputado José Rocha (BA), só será possível "medir a temperatura" conforme as propostas econômicas forem encaminhadas ao Congresso a partir do próximo ano.
Bolsonaro participou nos últimos dois dias da primeira rodada de conversas oficiais com dirigentes partidários e parlamentares - também estiveram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) integrantes do PSDB, MDB e PRB. "Nós não vamos, de maneira coercitiva ou de qualquer outra maneira, forçar o parlamentar a votar como o partido encaminhar. Mas, com certeza, faremos todos os esforços no sentido do convencimento. Os que não se acharem convencidos vão votar como acharem melhor", afirmou Rocha.
O PR, partido do ex-deputado Valdemar Costa Neto, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão e comanda a sigla nos bastidores, possui a sexta maior bancada da Câmara, com 41 deputados.
No mesmo dia em que se reuniu com Bolsonaro, a legenda também abriu um canal de comunicação com outros 14 partidos para tentar quebrar a polarização do PSL, partido do presidente eleito, e do PT na Câmara - os dois são as maiores legendas da Casa na próxima legislatura considerando os eleitos.
O objetivo seria formar um grande bloco com cerca de 300 parlamentares, o que também pode contribuir para a decisão do futuro presidente da Casa. Fazem parte PP, MDB, PSD, PR, PSB, PRB, PSDB, DEM, PDT, Solidariedade, PTB, PCdoB, PSC, PPS e PHS. A alegação é de que o grupo não seria "nem oposição nem governo", e sim uma forma de contribuir para o "funcionamento da Câmara".
A articulação também poderia ser uma forma de retaliação pelo fato do presidente eleito ter excluído as cúpulas partidárias das negociações da formação do seu primeiro escalão.
Depois de se reunir com Bolsonaro, o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), disse que o partido está disposto a ajudar o Brasil, mas que "não precisa entrar no governo". O deputado afirmou que a sigla vai apoiar as reformas ligadas à agenda tucana e defendeu que Bolsonaro aproveite o início do mandato para aprová-las.
Os tucanos estão divididos sobre aderir ou não à base de Bolsonaro. A ala ligada ao governador eleito de São Paulo, João Doria, quer apoiar o novo governo, mas enfrenta resistência de parlamentares próximos ao candidato derrotado à Presidência Geraldo Alckmin, que preside o PSDB.
Nesta quarta, o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), afirmou que o partido vai "ajudar votando medidas importantes". Segundo Baleia, embora a sigla seja oficialmente independente, o partido do presidente Michel Temer "saberá votar o que é importante para a recuperação econômica" do País.
Propostas
Nas conversas, Bolsonaro apresentou propostas de acordo com o partido. Embora não tenha mencionado o assunto com o MDB, ao PSDB reforçou a ideia de encaminhar a reforma da Previdência de forma fatiada ao Congresso, começando pela idade mínima para a aposentadoria, sem especificar qual seria.
Em conversa com o PSDB, defendeu o fim da reeleição para a Presidência. "Todos os governantes que entram já entram com medo de tomar decisões importantes pensando em ser reeleito. Eu não quero fazer isso. Não quero administrar pensando na reeleição, mas no Brasil", disse Bolsonaro aos tucanos, segundo participantes.
Em comum, afirmou aos parlamentares que quer aprovar um aprofundamento da reforma trabalhista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.