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Aliados de Bolsonaro avaliam viabilidade de aprovar reforma da Previdência

Encabeçada por dois deputados federais, equipe de Jair Bolsonaro tentará uma interlocução regionalizada a fim de obter a base de que precisa para aprovação de projetos. Alinhar internamente o próprio PSL é um dos trabalhos

Rodolfo Costa
postado em 07/12/2018 06:00
Carlos Manato (PSL-ES) confirma a relação de parceria que o governo quer construir com os parlamentares
A coordenação política do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), prepara uma força-tarefa para descentralizar as articulações com o Congresso Nacional e construir o apoio para a votação de pautas e reformas prioritárias, como a da Previdência. Não é para menos. Há parlamentares da base e correligionários do pesselista que não estão plenamente convencidos sobre o tema. Para isso, a futura Casa Civil da Presidência da República aposta em uma interlocução regionalizada que ficará a cargo de duas secretarias comandadas pelos deputados federais Carlos Manato (PSL-ES) e Leonardo Quintão (MDB-MG).

O texto da reforma da Previdência que é gestado pela equipe econômica do governo de transição divide parlamentares. Alguns estão mais alinhados com a coordenação chefiada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e cobram um texto que não favoreça categorias específicas. Outros, sobretudo os mais ligados às carreiras públicas na área da segurança, defendem um ajuste nas regras de aposentadoria mais ;light;, que exclua militares, policiais militares e bombeiros.

A chamada base consistente de Bolsonaro, de parlamentares eleitos na esteira do discurso do presidente eleito, conta com 35 congressistas, sendo 30 deputados e cinco senadores, calcula a Queiroz Assessoria Parlamentar e Sindical. Desses, são 12 policiais militares, cinco militares, dois agentes da Polícia Federal e um bombeiro. O deputado eleito Junior Bozzella (PSL-SP) reconhece que a reforma da Previdência precisará ser alinhada internamente. ;Não dá para mandar qualquer texto se tem resistência dentro do próprio governo e da base;, ponderou.

O próprio presidente eleito defende uma reforma que seja possível de ser aprovada. Para chegar ao texto ideal e ter uma base capaz de aprovar outras matérias, Manato começou a montar um time de deputados que não conseguiram a reeleição para auxiliá-lo no processo de diálogo com o Congresso. Até o momento, quatro foram escolhidos: Walter Ihoshi (PSD-SP), Laudivio Carvalho (Podemos-MG), Fabio Sousa (PSDB-GO) e Danilo Forte (PSDB-CE).

Outros três ainda podem ser selecionados. A ideia de Manato é trabalhar com uma equipe de cinco a sete deputados que acompanharão as votações e dialogarão com as bancadas partidárias, estaduais, regionais e frentes temáticas. ;Todos são indicações pessoais e não partidárias. Estamos construindo uma relação de parceria sem o ;toma lá da cá;, afirmou.

O modelo de regionalização tem por objetivo facilitar o diálogo sem ;tratorar;. Dessa maneira, Forte fica responsável pelo Nordeste, Sousa por Goiás, e Ihoshi e Carvalho pelo Sudeste. O padrão de articulação é bem avaliado pelo deputado Celso Russomanno (PRB-SP), líder da legenda na Câmara. ;É uma forma mais fácil de orientação e convencimento das bases. E pode ajudar no processo de aprovação do enxugamento da máquina pública e da reforma da Previdência;, ponderou.

Demandas

A proposta de regionalizar a articulação política também pode ajudar no encaminhamento de demandas junto aos ministérios, admite o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), primeiro vice-líder do partido na Câmara. Mas acredita que, por si só, o modelo não se resolve. ;Vai ser preciso clarear o relacionamento da coordenação política com os partidos. Será preciso conversar com os presidentes e líderes em algum momento. Ou é uma lógica regionalizada, ou partidária. Não se governa se não tem base sólida. E a base do governo eleito ainda não me parece tão sólida;, alertou.

A ideia do governo é boa, mas é preciso que os interlocutores tenham credibilidade e autonomia para desempenhar o papel, adverte o deputado e senador eleito Izalci Lucas (PSDB-DF). ;A intermediação fica vulnerável quando não tem poder;, ponderou. Outra observação do parlamentar é a ausência de senadores na estrutura do governo de transição. A secretaria que será chefiada por Quintão, um deputado, cuidará da articulação com o Senado. ;Acho que o Quintão é bastante articulado, mas poderia ser um senador fazendo esse papel. Não há ninguém da Casa ocupando um ministério e, com certeza, a cobrança deve vir em algum momento;, ponderou. Segundo Manato, a pasta do emedebista deve contar com senadores.

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