Politica

Alexandre Frota protagoniza briga interna do PSL em rede social

É o segundo atrito que vai a público em duas semanas. Na outra ocasião, alguém do partido vazou conversas entre a deputada eleita Joice Hasselmann (SP) e o deputado Eduardo Bolsonaro (SP)

Rodolfo Costa
postado em 16/12/2018 08:00
Alexandre Frota
O PSL continua em pé de guerra. Mesmo depois de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ter dado bronca e pedido a união do partido, correligionários voltaram a se desentender. O deputado eleito Alexandre Frota (SP) acusou em um grupo de mensagens da bancada o deputado Marcelo Álvaro Antônio (MG), indicado ao Ministério do Turismo, de abrigar no governo de transição um lobista: Saulo Meira. O futuro ministro usou uma rede social para se defender e voltou a expor a legenda.

Em resposta, Álvaro respondeu que nunca soube da ligação de Saulo com o lobby da área de produtos farmacêuticos. O acusado trabalhou no Ministério da Saúde no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e, por isso, também foi chamado de petista por Frota. ;Nunca tive qualquer tipo de informação que o ligasse a tal área. Até porque todos os membros da transição do Turismo fiz questão de submeter ao crivo da Advocacia-Geral da União (AGU);, rebateu o futuro ministro.

É o segundo atrito que vai a público em duas semanas. Na outra ocasião, alguém do partido vazou conversas entre a deputada eleita Joice Hasselmann (SP) e o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente eleito, em que discutem a articulação política. Para um deputado eleito do partido, o acontecimento envolvendo Frota e Álvaro é a prova clara da falta de unidade. ;É muita vaidade e disputa interna por espaço;, lamenta.

A legenda definiu, na última semana, o deputado Delegado Waldir (GO) como líder do partido até 31 de janeiro sem votação aberta e sem definir o líder para a próxima legislatura. Os acontecimentos, no entanto, abrem margem para contestação da capacidade de liderança do parlamentar. ;Outros partidos já escolheram seus líderes. Está tudo sendo feito no escuro e sequer foi marcada uma data para definir isso em reunião. Estamos tentando fazer movimentos concentrados em busca de espaço na Câmara, mas, sem liderança, está difícil;, critica um deputado eleito.

As brigas são um obstáculo para o PSL fechar um bloco partidário para a composição das comissões na Câmara. As exposições passam insegurança a outras legendas. É um dos motivos pelos quais a legenda está sendo escanteada na formação do blocão que está sendo costurado por PP, DEM e PSDB, com o objetivo de ficar com as principais comissões e reconduzir Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da Casa. As conversas também estão avançadas com PSD e PR.

No esboço atualmente desenhado pelo blocão, o PP ficaria com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O PSL, no entanto, reluta em aceitar o papel de coadjuvante do processo e mantém conversas com PSD, PR, PPS, PRB e PSC. A meta, explica o deputado eleito Coronel Tadeu (PSL-SP), é mostrar força e capitanear o processo de definição das comissões. A entrada do PSL no blocão de Maia não é impossível, admite Tadeu, desde que ele deixe de lado a interlocução com a esquerda e o PT. ;Rodrigo gosta de namorar muito a esquerda e isso não nos agrada. Há dois anos, se amarrou com a esquerda justamente prometendo pautar nada que fosse conservador ou de direita. Agora, o discurso mudou. Precisamos dessa pauta de direita;, ressalta.

Interlocutores do presidente da Câmara também admitem a possibilidade de união com o PSL, mas esperam sinalizações mais contundentes. Por ora, o apoio sinalizado pela bancada é misto. Uma parte cogita voto a Maia, e outra tem demonstrado maior afinidade com a candidatura do deputado João Campos (PRB-GO).

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