Agência Estado
postado em 17/12/2018 19:52
O ex-ministro Tarso Genro (PT) acredita que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem capacidade de criar uma ampla base social para dar sustentação ao novo governo. Em entrevista ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o petista não concorda com o discurso de setores do PT de que a eleição presidencial foi uma derrota eleitoral mas uma vitória política e defende criar uma frente de oposição visando as eleições de 2022.
Tarso Genro, afastado dos quadro de direção do partido, afirma que é preciso esperar uma definição mais clara da agenda de Bolsonaro para executar uma estratégia de oposição ao futuro governo. "Vai se tentar uma conciliação de uma posição protofascista autoritária com uma posição liberal na economia, isso é capaz de criar hoje no Brasil uma ampla base social para dar sustentação." Ele pondera, no entanto, que o apoio popular a Bolsonaro pode não chegar no Congresso. "Esse Parlamento é mais fisiológico, mais corrupto e mais atrasado que o outro."
A avaliação de Tarso Genro sobre a capacidade de Bolsonaro ter apoio popular já foi manifestada por outras lideranças do PT. Depois da eleição, o ex-ministro José Dirceu chegou a dizer que o governo de Bolsonaro terá "base social, muita força e muito tempo".
A reorganização da esquerda, na opinião de Tarso Genro, será "tortuosa" a partir do ano que vem. Ele comenta que os setores ligados a Fernando Haddad (PT) e a Ciro Gomes (PDT) precisam criar uma mesa de discussão para elaborar uma frente estratégica de centro-esquerda voltada para 2022. "As pessoas não podem pensar que isso vai ser resolvido no primeiro ou no segundo semestre do ano que vem, é um processo tortuoso de rota", diz Tarso Genro, para quem, neste momento, é natural que a esquerda não tenha um nome como principal liderança para se opor a Bolsonaro.
A falta de uma liderança de oposição se deve à vitória com larga vantagem de Jair Bolsonaro, na avaliação de Tarso Genro. Para ele, a derrota do PT foi "trágica" no processo eleitoral. "Eu não compartilho dessa visão de que ganhamos na política e perdemos no número de votos. Perdemos na política e perdemos no número de votos, isso tem que ser muito bem estudado e pensado. Não é uma coisa simples de ser resolvida como se alguém tivesse uma varinha mágica."