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Politica

Novos governadores prometem cortar gastos, vender ativos e renegociar dívidas

A ordem é reduzir qualquer tipo de despesas e, ao mesmo tempo, criar condições para elevar as receitas

Para colocar as contas dos Estados em dia, os novos governadores prometem cortar regalias, eliminar incentivos fiscais, privatizar empresas e renegociar a dívida com a União. Os eleitos - alguns deles novatos na administração pública - assumem nesta terça-feira (1/1/2019) Estados praticamente falidos, sem capacidade de investimento e sem caixa para honrar até despesas básicas, como o combustível para viaturas de polícia e remédios para hospitais.

Nos últimos anos, as administrações estaduais viram suas contas se deteriorem perigosamente, com o aumento do déficit fiscal e a escalada dos gastos com pessoal. O orçamento público passou a ser consumido pela folha de pagamento, educação e saúde, sobrando pouco para promover políticas públicas em áreas como saneamento básico, urbanismo, transportes e segurança, conforme estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal.

Com fôlego novo, os governadores eleitos querem mudar o rumo dessa história. No discurso deles, a ordem é reduzir qualquer tipo de despesas e, ao mesmo tempo, criar condições para elevar as receitas. Isso inclui melhorar o ambiente de negócios, reduzir a burocracia e atrair mais investimentos. "A meta é fazer cair mais água na caixa dágua sem elevar impostos", diz o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Em sua primeira experiência com a máquina pública, ele terá o desafio de devolver a estabilidade ao Estado, que tem tido dificuldade até para pagar o salário dos funcionários. Zema diz que pretende cortar 80% dos cargos comissionados e reduzir pela metade o número de secretarias. "Também vamos rever contratos e vender ativos que trazem gastos desnecessários para os cofres públicos." Ele se refere a aeronaves usadas pelo governo mineiro em curtas distâncias e imóveis que hoje são alugados.

Os eleitos se comprometem a fazer o dever de casa, mas querem que o governo federal dê um empurrão, renegociando a dívida dos Estados. No caso de Goiás, que começou a escalonar o pagamento dos salários em novembro, o governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) afirma que vai reduzir a folha de pagamento e diminuir a estrutura de secretarias. Ele diz, no entanto, que as medidas não serão suficientes para resolver a situação do Estado. "Precisamos rever o regime de renegociação fiscal, que impõe regras duríssimas."

Segundo ele, Goiás renegociou sua dívida há dois anos, mas não tem cumprido o acordo. Além de estourar o teto de gastos, não pagou parcela da dívida prevista no programa de renegociação, diz ele. "O governo não cumpriu a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e o acordo caiu por terra. Agora, esse montante será acrescido nas próximas parcelas (durante seu governo)", reclama Caiado, que cobra do governo federal um raio X da situação dos Estados.

Equilíbrio fiscal

O plano da nova equipe do governo do Rio Grande do Sul também está calcado no regime de renegociação fiscal, que a última administração não conseguiu aderir. Segundo o novo governador, Eduardo Leite (PSDB), o equilíbrio fiscal do Estado envolve especialmente a entrada no programa. Isso daria tempo para o governo tomar medidas importantes, como a redução dos gastos com pessoal - que já chega a 70% das despesas. "Pretendemos fazer revisão da estrutura de carreiras e dos benefícios dos funcionários."

No Rio de Janeiro, Estado com uma das piores situações do País, uma das medidas para restabelecer a saúde financeira é elevar a arrecadação criando condições para novos negócios no Estado. A ideia é combater a sonegação fiscal e a concorrência desleal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.