Politica

Moro defende isolamento de líderes de facções criminosas nos presídios

Ministro da Justiça e Segurança Pública se compromete a reforçar a cooperação com outros governos no combate ao crime transnacional

Bernardo Bittar, Renato Souza
postado em 03/01/2019 06:00

Moro: 'O Brasil não será porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários'
Com um discurso forte de combate às facções criminosas, à corrupção e à impunidade, Sérgio Moro tomou posse como ministro da Justiça e Segurança Pública. Ele promete mudança profunda no sistema prisional, reforço nas investigações e alterações legais para sustar a progressão de regime penal para os condenados por crimes hediondos. Entre os objetivos de Moro está o de isolar líderes de facções criminosas e impedir que deem ordens a pessoas recrutadas do lado de fora das prisões.

O ministro pretende trabalhar com outras nações para combater a violência e afirmou que o país não poderá servir de refúgio para quem comete crimes no exterior. ;O Brasil não será porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários;, assegurou.

Moro recebeu o cargo dos dois antecessores: Torquato Jardim e Raul Jungmann, ministros da Justiça e da Segurança Pública no governo de Michel Temer, respectivamente. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Dias Toffoli, também compareceu à cerimônia. Após a transmissão, o ministro apresentou o secretariado e o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, e disse que vai manter uma ;relação de cooperação; com o Judiciário. ;Não se faz um bom trabalho sem uma boa equipe. Selecionei pessoas em vista do currículo profissional, de competência e de bravura.;

Entre as medidas principais está um projeto de lei ;anticrime;, para aprovação do Congresso, que ajude a coibir a corrupção e deixe claras questões como a prisão após condenação em segunda instância. Além disso, Moro pretende ampliar o Banco Nacional de Perfis Genéticos, que contém o DNA de criminosos. ;Ao cabo de quatro anos, nosso compromisso é de que seja inserido no banco o perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos no Brasil ou o de todos os condenados por crimes dolosos violentos;, disse.

O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, aprova a iniciativa. ;É uma medida essencial para a segurança pública. Traz modernidade para o combate à criminalidade com baixo custo. Hoje, menos de 2% dos condenados que deveriam estar no banco dos réus têm o perfil colhido. Nos Estados Unidos, são mais de 15 milhões de perfis;, comparou.

Sérgio Moro citou também o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), transferido do Ministério da Fazenda para o da Justiça. O novo ministo prometeu liberdade ao órgão, autor do relatório que apontou movimentações atípicas em contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente. ;Não cabe ao ministro tolher essa liberdade;, afirmou.

O titular recém-empossado da Justiça pretende estabelecer rígido controle das comunicações nos presídios federais, para impedir que líderes do tráfico continuem dando ordens a partir da cela. ;É preciso recuperar o controle do Estado nas penitenciárias;, disse.

Parceria


;Não há resposta ou tarefa fácil aqui, mas existe a promessa de concentrar esforços para iniciar um ciclo virtuoso de diminuição do crime, preservando legados anteriores; prometeu Moro, que exaltou a parceria do ministério com estados e municípios: ;Um juiz em Curitiba pouco pode fazer. Mas, no governo federal, a história pode ser diferente;.


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