Politica

Bolsonaro foi quem mais citou 'ideologia'

Agência Estado
postado em 06/01/2019 13:00
Se há uma palavra que define o discurso de posse de Jair Bolsonaro é "ideologia" - ela e suas muitas variações. No pronunciamento no Congresso, ele usou essas expressões mais frequentemente que todos os outros presidentes, de acordo com um levantamento feito pelo Estado usando algoritmo desenvolvido para esta reportagem - foram comparados os discursos de posse de todos os presidentes, desde Deodoro da Fonseca em 1889. A análise revela quais são as palavras mais características de cada pronunciamento. Uma palavra característica é aquela que aparece com frequência no discurso de um dos mandatários, mas que é incomum no dos demais. Essa diferença pode apontar quais são os projetos específicos do novo governante, pois é tradicional que o pronunciamento de posse apresente as linhas gerais que a gestão deve seguir. Por exemplo, praticamente todos os presidentes usaram muito termos como "Brasil", "país" ou "governo" em seus discursos. Isso é pouco significativo, já que são palavras usadas de modo generalizado. Mais interessante é notar que José Sarney e Fernando Collor de Mello, que governaram em meio a crises econômicas, usaram a palavra "inflação" mais do que todos os outros. Na prática, a chance de o termo aparecer no discurso de Sarney foi quase 40 vezes maior do que na de todos os outros presidentes, somados. Logo, a palavra é característica de seu discurso. O mesmo ocorre com Bolsonaro e sua preocupação com "ideologias", vocábulo que ele usa não para descrever os valores de seu governo, mas sim para designar as ideias que considera nocivas para o País - geralmente, associadas a um programa político de esquerda. Já Dilma Rousseff, no discurso de posse de seu segundo mandato, se destaca pelo uso de palavras como "Petrobras", "petróleo" e "corrupção". O pronunciamento, em janeiro de 2015, ocorreu juntamente com o avanço das investigações da Lava Jato - a operação descobriu série de irregularidades na gestão da estatal. Até 2003, ano em que Luiz Inácio Lula da Silva - atualmente condenado e preso na Lava Jato - assume o Planalto, os pronunciamentos foram retirados do livro Palavra de Presidente, organizado pelo pesquisador João Bosco Bezerra Bonfim, mestre em linguística pela UnB. Depois dessa data, foram transcritos os discursos feitos pelos eleitos no Congresso. No caso de Michel Temer, foi considerado seu primeiro pronunciamento público após o afastamento de Dilma no início do processo de impeachment. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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