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Flávio Bolsonaro diz estar sendo investigado ilegalmente pelo MP-RJ

O senador eleito alega que não sabia da condição de investigado e que teve seu sigilo bancário quebrado sem autorização judicial. O MP-RJ nega as acusações

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 18/01/2019 22:21
Flávio Bolsonaro
O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) atacou o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e disse estar sendo investigado de maneira ilegal. O filho do presidente Jair Bolsonaro alega que não sabia da condição de investigado e que teve seu sigilo bancário quebrado sem autorização judicial. O MP-RJ nega as acusações.

"Estão me investigando ocultamente desde meados do ano passado, utilizando vários atos ilegais ao longo desse procedimento", disse nesta sexta-feira (18/1), em entrevista ao Jornal da Record. "Estão em busca da verdade ou de alguma outra coisa?", acrescentou.

O Ministério Público investiga movimentações suspeitas na conta de um ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz. Contudo, na quinta-feira (17/1) ; a pedido do próprio senador eleito ;, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a suspensão das investigações. No pedido, Flávio alegou que, como passará a contar com foro privilegiado a partir do próximo mês, quando tomará posse no Senado, a Suprema Corte deveria analisar a quem caberia investigar o caso.

Na entrevista à Record, o senador eleito disse ser contra a prerrogativa de foro ; como fazia questão de ressaltar durante a campanha que lhe garantiu uma vaga no Senado ; e afirmou "não estar se escondendo atrás" do benefício. "Sou contra o foro. Agora, não é uma escolha minha. Querendo ou não querendo, eu tenho que entrar com o remédio legal no órgão competente", justificou.

Por fim, o filho de Jair Bolsonaro afirmou reiteradas vezes não ter "nada a esconder" e indicou estar recebendo "tratamento diferenciado" por ser filho do presidente da República. Também reconheceu que a demora de Fabrício Queiroz em esclarecer os fatos ; ele e a família já faltaram a audiências no Ministério Público ; lhe prejudica, mas disse "não ter responsabilidade por atos de terceiros": "Não tenho a menor condição de saber o que os funcionários do meu gabinete fazem da porta para fora".

MP-RJ

Em uma nota divulgada antes da exibição da entrevista de Flávio Bolsonaro, o Ministério Público do Rio disse que "a alegação de que houve a quebra dos sigilos fiscal e bancário" não era verdadeira. Ainda segundo a nota, o senador eleito também não estava sendo investigado.

"O relatório de inteligência financeira (RIF) remetido pelo COAF noticia movimentações atípicas tanto de agentes políticos como de servidores públicos da ALERJ. Por cautela, não se indicou de imediato na portaria que instaurou os procedimentos investigatórios criminais (PIC) os nomes dos parlamentares supostamente envolvidos em atividades ilícitas. A dinâmica das investigações e a análise das provas colhidas podem acrescentar, a qualquer momento, agentes políticos como formalmente investigados", diz a nota.

Coaf

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo Jornal Nacional, da TV Globo, registra movimentações suspeitas também na conta de Flávio Bolsonaro. Conforme o documento, em um mês, foram feitos 48 depósitos ; todos no valor de R$ 2 mil ;, totalizando R$ 96 mil.

O relatório teria sido solicitado pelo MP-RJ, a partir da investigação de assessores parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde Flávio atuou como deputado estadual de 2003 a 2018.

O Coaf afirma não ser possível identificar quem fez os depósitos, mas que o fato de eles terem sido feitos de forma fracionada despertam uma suspeita de ocultação da origem.

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