A alta cúpula do governo de Jair Bolsonaro considera que o Brasil é atacado de forma "injustiça" no que se refere aos assuntos de meio ambiente e que não concorda com a pressão internacional de que o país deva poupar todas suas florestas.
Nesta semana, apesar do interesse internacional, o presidente não irá se aprofundar na questão climática em seu discurso ou conversas durante o Fórum Econômico Mundial.
Um membro do mais alto escalão do governo indicou que Bolsonaro vai apenas fazer uma referência ao tema de meio ambiente em seu discurso que será feito na terça-feira. Mas ele não entrará em detalhes.
O governo indicou que já tomou a decisão de permanecer no Acordo de Paris, sobre Mudanças Climáticas. Existia um temor internacional de que o discurso do chanceler Ernesto Araújo significasse um afastamento do Brasil nesses temas.
Apesar da permanência, o governo deixou claro que não está de acordo com a forma pela qual o Brasil é tratado. "Existe uma injustiça muito grande em relação ao Brasil", disse um dos representantes do Planalto que acompanhou Bolsonaro para Davos. "Colocam o Brasil como responsável se houver um problema no meio ambiente. É o fiador que não é", insistiu.
A alta cúpula do governo também considera que muitas das ONGs ambientais podem estar representando interesses de governos e mesmo de entidades econômicas. "Tem governo por trás", disse.
A avaliação do governo é de que é o momento de mudar o discurso e deixar claro que o Brasil, em termos de proteção ambiental, "temos muito a oferecer" aos demais países. A delegação brasileira que viajou até a Suíça ironizou o desmatamento da vegetação local e até comentou como se plantava uva "até na linha do trem".
Um dos principais nomes do governo que acompanha Bolsonaro ainda deixou claro que não concorda com "essa história de que o Brasil tem de poupar todas as suas florestas". "A intenção deles depois é aproveitar", disse.
Quanto ao seu discurso que fará amanhã no Fórum, Bolsonaro fez questão de reforçar sua prioridade econômica e indicou que vai falar "especialmente do agronegócio".
"Essa é nossa commodity mais cara, queremos ampliar esse tipo de comércio", afirmou. "Para isso, estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou", insistiu.