Roberto Fonseca
postado em 24/01/2019 17:54
Com a decisão de Jean Willys de renunciar ao mandato na próxima legislatura, que começa em 1; de fevereiro, quem assume a vaga de deputado federal é o vereador David Miranda (PSol-RJ). A posse dos parlamentares eleitos está marcada para sexta-feira da semana que vem (1;/2). Miranda recebeu 17.356 votos, o equivalente a 0,22% dos válidos, e garantiu a primeira suplência do PSol.
"Nascido na favela do Jacarezinho, parceiro de (Edward) Snowden na luta contra a espionagem na internet e primeiro vereador LGBT da história do Rio de Janeiro", assim David Miranda se define na sua página oficial. Casado com o jornalista Gleen Greenwald, dono do site The Intercept, Miranda elegeu-se vereador do Rio de Janeiro, em 2016. "David Miranda é cria do Jacarezinho, negro, favelado e LGBT. Nunca conheceu seu pai e aos 5 anos ficou órfão de sua mãe", diz outro texto no site oficial.
David Michael dos Santos Miranda tem 33 anos e declarou ter a cor/raça preta à Justiça eleitoral nas eleições do ano passado. Na época da repercussão das revelações de Snowden, que tornou público o esquema de espionagem do governo dos Estados Unidos, Miranda chegou a ficar preso durante nove horas, em agosto de 2013, em um aeroporto de Londres. Ele prestou depoimento porque estava com documentos do ex-agente de inteligência norte-americano.
Nesta quinta-feira (24/1), logo após as primeiras reportagens sobre a renúncia de Jean Wyllis ao mandato, David Miranda respondeu a uma postagem, no Twitter, do presidente Jair Bolsonaro que dissse ser "um grande dia". "Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação. Sai um LGBT mas entra outro, e que vem do Jacarezinho. Outro que em 2 anos aprovou mais projetos que você em 28. Nos vemos em Brasília", escreveu Miranda, que contava com 45,8 mil seguidores às 17h46.
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Wyllys (PSol) anunciou nesta quinta-feira (24/1) que está abandonando o mandato no Congresso após sofrer graves ameças de morte. O parlamentar publicou nas redes sociais uma mensagem, agradecendo aos seguidores, e dizendo que manter-se vivo "também é uma forma de resistência". Jean deixará o Brasil sem data de retorno.
O parlamentar está sob escolta da polícia desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), no Rio de Janeiro. Eleito com 24 mil votos para o terceiro mandato, Jean já está no exterior, de férias, e disse que não pretende retornar ao Brasil.
Além de ameaças feitas por grupos de milicianos, o parlamentar também é alvo de grupos conservadores, que o atacam pelas redes sociais diariamente. O político também é um dos maiores alvos de notícias falsas espalhadas pela internet.