Politica

'Estou pronto para fazer uma oposição propositiva', diz David Miranda

Suplente de Jean Wyllys afirmou que vê o novo mandato como um desafio, mas disse estar pronto para fazer oposição

Murilo Fagundes*
postado em 24/01/2019 19:45
David Miranda
Nascido na favela do Jacarezinho, parceiro de (Edward) Snowden na luta contra a espionagem na internet e primeiro vereador LGBT da história do Rio de Janeiro, o vereador David Miranda (PSol-RJ) deve assumir a vaga deixada pelo deputado federal Jean Wyllys a partir de 1; de fevereiro. Em entrevista ao Correio, o suplente do de Wyllys afirmou que vê o novo mandato como um desafio, mas disse estar pronto para fazer uma "oposição propositiva". "Sempre enfrentei batalhas. Já era para eu estar morto há muito tempo. Venho do Jacarezinho, sou negro, LGBT, fui torturado, enfrentei os governo dos Estados Unidos e da Inglaterra", relembra.

David Miranda disse que recebeu a notícia da desistência de Jean com muita tristeza, já que, segundo ele, o parlamentar é "um grande companheiro de partido e precursor da luta LGBT em um congresso LGBTfóbico". "Sempre admirei muito ele, apesar de pequenas divergências em pontos políticos", disse. Questionado sobre quais seriam essas divergências, David preferiu não comentar, por respeito ao momento.

Miranda afirmou ao Correio que suas principais pautas na Câmara dos Deputados serão, "com certeza, o genocídio da juventude negra, a comunidade LGBT, as mulheres, a demarcação indígena, o direito dos animais e todas as causas humanas". "Está no meu sangue", completou.


Família Bolsonaro

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Nesta quinta-feira (24/1), logo após as primeiras reportagens sobre a renúncia de Jean Wyllys ao mandato, David Miranda respondeu a uma postagem, no Twitter, do presidente Jair Bolsonaro que disse ser "um grande dia". "Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação. Sai um LGBT mas entra outro, e que vem do Jacarezinho. Outro que em 2 anos aprovou mais projetos que você em 28. Nos vemos em Brasília", escreveu.
No início da noite desta quinta-feira, Bolsonaro se pronunciou, mais uma vez por meio do Twitter, defendendo-se.
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Indagado se o mandato será de enfrentamento ao governo, o mais novo parlamentar respondeu: "Sempre enfrentei a família Bolsonaro. Vou fazer meu trabalho como parlamentar e investigar o Executivo. Eu (como vereador) ;passei; a maior lei dos últimos 20 anos aqui na cidade (do Rio de Janeiro). Colocamos os servidores e pensionistas como prioridade na folha de pagamento. Isso no governo Crivela. Então, meu enfrentamento será propositivo. Vou utilizar muito bem o que sei fazer: CPIs, comissões, ;;, declarou.

Repercussão

O ex-candidato à presidente da República Gilherme Boulos (PSol) também criticou a fala do presidente. ;Quando um presidente ironiza a ameaça à vida de uma pessoa, neste caso de um parlamentar eleito, torna-se corresponsável pelas ameaças. Estimula as agressões covardes;, afirmou.

A decisão "drástica" do parlamentar decorreu de "sucessivas ameaças", esclarece Boulos. O também líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), lembrou que o congressista já havia noticiado às autoridades brasileiras e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. ;Exigimos mais esclarecimentos e punição dos responsáveis. Isso é uma afronta ao ambiente democrático;, declarou.
*Estagiário sob supervisão de Anderson Costolli

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