O apresentador e empresário Luciano Huck disse, nessa quinta-feira (24/1), ao jornal O Estado de S. Paulo que é preciso "recalibrar as expectativas" em relação ao presidente Jair Bolsonaro. O momento no Brasil, afirmou ele, é de "diálogo e apoio" das agendas positivas do governo.
Em Davos, onde participou pela primeira vez do Fórum Econômico Mundial, nos Alpes suíços, Huck disse que o discurso econômico do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi muito bem-recebido no evento, que anualmente mescla a elite financeira internacional, chefes de Estado, presidentes de grandes empresas e celebridades mundiais.
"Agora, precisamos ver a capacidade de entrega", afirmou ele, que depois de três dias participando de vários debates no Fórum disse que o ponto forte de Davos é a troca de ideias. Ele mesmo teve uma conversa com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, com que trocou críticas nos últimos tempos pelas redes sociais.
O filho do presidente integrou a comitiva a Davos na estreia internacional do governo. Bolsonaro e os cinco ministros que o acompanharam voltaram ao país sem fazer nenhuma avaliação do encontro.
;Limitação;
O apresentador, que foi sondado nas últimas eleições para disputar a Presidência contra o próprio Bolsonaro, afirmou que as divergências apresentadas nesses 23 dias de governo seriam muitas, mas que seria preciso apoio à agenda que "for boa para o País". "Acho que governo está disposto a ouvir. Eles sabem a limitação que eles têm, de repertório, de um monte de coisa. E estão a fim de começar."
Huck aposta na renovação política que, segundo ele, já começou no Legislativo com o movimento Renova Brasil, do qual é colaborador, para transformar a política num assunto "sexy" que seduza as novas gerações a ocuparem esse espaço no País.
O grupo montou uma frente parlamentar de 17 deputados eleitos que promete atuar unida. "Precisamos de uma renovação política para valer", disse o apresentador.
Reformas
Sobre as reformas e, em especial, a da Previdência, Huck afirmou que o governo terá de "dar um jeito de explicar por que não tem jeito de não fazer". "A habilidade de comunicação do presidente vai ajudar."
Para ele, se Bolsonaro conseguir ter sucesso na sua pauta de combate à corrupção, ao crime organizado e segurança pública, o próximo governo poderá focar sua atuação na redução das desigualdades sociais do País. Pauta, que segundo ele, é nesse momento do novo governo.
Do tema principal de debate do Fórum, o "capitalismo 4.0", disse que tem a avaliação de que é "urgente a criação de um novo modelo, no qual o Estado e a iniciativa privada possam trabalhar juntos de maneira criativa".
"Os problemas são globais, mas a soluções estão fragmentadas. Esses discursos que a gente ouve, essa renúncia à globalização, é uma bobagem porque muitas das soluções vão vir do mundo conectado, das experiências trocadas, do livre comércio", afirmou ele.
Declarando-se não político, o apresentador afirmou que o seu "maior ativo hoje é conhecer o Brasil de verdade, o profundo". Depois de dizer que não teria planos de se candidatar a um cargo político, afirmou, porém, que "não vou fugir da raia". "Estou a fim de poder contribuir para que o País seja menos desigual no futuro."
Segundo ele, das lideranças latino-americanas quem o "impressionou" foi Ivan Duque, da Colômbia. "O discurso dele é de uma qualidade da informação e de como ele vai fazer. Ele tem um projeto. Fiquei muito impressionado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.