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O padrão de segurança adotado pelo presidente Jair Bolsonaro, mais rigoroso do que o dos antecessores, inclui o emprego ininterrupto de uma pasta protetora à prova de bala, carregada por seus guarda-costas, reforço de bloqueios e controle de acesso no entorno do Palácio da Alvorada, acompanhamento por caminhão tanque de combate a incêndio dos Bombeiros e a montagem de um escritório do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Rio de Janeiro.
A pasta-escudo aparenta revestimento em couro preto, mas é fabricada em tecido kevlar (aramida), resistente a disparos de armas curtas, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Aberta pelos guarda-costas em caso de ataque, ela se desdobra formando uma barreira contra tiros, o que permite encobrir o presidente.
O modelo é semelhante ao usado pelos guardas do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no episódio em que o líder bolivariano teria sido alvo de um atentado com drones, durante um desfile militar em Caracas, em agosto do ano passado.
Um militar de alta patente familiarizado com a escolta presidencial brasileira avalia que, se esse equipamento está sendo empregado constantemente, até dentro de ambientes controlados, existe alguma ameaça real que a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial ainda não conseguiu debelar.
Integrantes do GSI confirmam que Bolsonaro segue sob ameaça, sem dar detalhes das medidas adotadas.
O GSI já dispunha da pasta protetora antes de Bolsonaro assumir, mas ela era usada apenas em áreas de risco e ficava guardada no porta-malas dos carros da "cápsula presidencial", nome técnico dos cinco automóveis idênticos do comboio, para dissimular em qual ele viaja. A ameaça mais séria identificada, por exemplo, contra o ex-presidente Michel Temer era ser hostilizado nas ruas.
A escolta de Bolsonaro, ao contrário, não deixa o presidente circular em público sem as pastas ao lado. A reportagem viu o equipamento em uso dentro de instalações militares como a Base Aérea de Brasília, o Clube Naval, o Clube do Exército e o Ministério da Defesa.
Na posse, quatro homens do GSI portando as pastas se posicionaram atrás do parlatório na Praça dos Três Poderes para intervir e bloquear eventuais disparos contra Bolsonaro, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e a mulher dele, Paula Mourão. Na ocasião, informes de inteligência relatavam a possível presença de atiradores na Esplanada dos Ministérios e de carros-bomba no Eixo no Monumental e no Aeroporto de Brasília.
Bolsonaro nomeou o capitão do Exército Sergio Cordeiro, seu homem de confiança, como assessor especial na Presidência. Cordeiro especializou-se em proteger autoridades - trabalhou na segurança pessoal dos ex-presidentes Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, além de três ex-comandantes do Exército, e de um embaixador do Brasil em Bogotá, Colômbia.
Comitiva
A comitiva presidencial tem sido acompanhada por um caminhão autobomba tanque (ABT), que se desloca a locais aonde Bolsonaro vai. Nove bombeiros foram designados para uma seção interna que funciona no Palácio do Planalto. E quase 30 militares das Forças Armadas, para o novo escritório do GSI no Rio, criado para escoltar o presidente e seus familiares, além do vice-presidente e família. O local não foi definido.
Em Brasília, com a mudança de Bolsonaro para o Alvorada e de Mourão para o Jaburu, o GSI instalou tendas com homens armados, mais blocos de concreto e material perfurante nas vias de acesso às residências oficiais.
A expansão do GSI inclui a compra de novos simuladores de tiros e de direção de viaturas, a serem instalados num galpão multiúso de 750 metros quadrados, que o órgão projeta construir na sede ao lado do Planalto. O espaço servirá para treinos, depósito e alojamento de 60 militares do Exército que reforçam o efetivo do palácio durante protestos - atualmente, eles ficam de forma improvisada na garagem.
O governo conclui a compra de 30 novos carros de representação e segurança no valor de R$ 5,8 milhões. Desses, 12 Ford Fusion 2.0 pretos serão blindados para resistir a disparos de pistolas e submetralhadoras 9 mm e revólveres .44. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.