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Saiba como será a eleição hoje para o comando da Câmara e do Senado

Parlamentares tomam posse hoje e vão escolher os comandos das Casas. Renan Calheiros vence disputa para ser candidato do MDB e desponta como favorito à Presidência do Senado. Na Câmara, Rodrigo Maia deve se reeleger em primeiro turno

Paulo Silva Pinto, Alessandra Azevedo
postado em 01/02/2019 06:00

Assumirão os cargos hoje 513 deputados e 54 senadores: queda de braço para ficar com os postos mais importantes do Parlamento

Esta sexta-feira é o dia mais importante para as definições dos rumos do país desde 28 de outubro, segundo turno das eleições presidenciais. Hoje, tomam posse 513 deputados para mandatos de quatro anos e 54 senadores, dois terços do total, para passar oito anos na Casa. Em seguida, os parlamentares vão escolher o deputado e o senador que os comandará pelos próximos dois anos.

Os presidentes da Câmara e do Senado têm imenso poder. Entre outras muitas atribuições, escolhem os itens que compõem a pauta de votação e a ordem em que se apresentam. Isso acaba por decidir o sucesso ou o fracasso de muitos projetos de lei e emendas constitucionais. Sem comando amigável das duas Casas, não há reforma que passe, seja a da Previdência, seja qualquer outra. É por isso que todos os olhos do mercado se voltam para Brasília hoje.

Na Câmara, o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta a reeleição e é o favorito na disputa. Conta com o apoio de 16 legendas de diversos espectros, que representam, juntas, 405 deputados. Pelos cálculos de aliados, o demista consegue se reeleger em primeiro turno ainda que um em cada três parlamentares que prometeram votar nele mude de ideia na hora de ir à urna.

No Senado, o quadro é mais incerto. Por sete votos a cinco, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiu ontem a indicação do partido, pela qual concorria com Simone Tebet (MS). Os senadores optaram por ele após uma tensa reunião da bancada, que durou quase três horas. Na saída, Tebet negou a possibilidade de se lançar como candidata avulsa, sem o apoio oficial do partido, como havia cogitado. ;Não sou candidata de mim mesma;, declarou.

A senadora lembrou que são esperados oito candidatos no pleito, número recorde desde a redemocratização. Concorrer sozinha nesse quadro ;só complicaria o processo para qualquer lado;, considera. ;Neste momento, não há espaço para a minha candidatura, porque não tem um partido que venha a me apoiar;, explicou. Dos sete votos que ela esperava, perdeu um para Renan e outro para a abstenção ; o senador Jarbas Vasconcelos (PE), que a apoiava, foi o único ausente do encontro da bancada.

Apesar de ter vencido a disputa interna, Renan terá dificuldade para conseguir apoio dos demais senadores. A sessão para a escolha do novo presidente deve ser difícil e pode até mesmo ficar para outro dia. Um experiente cacique do MDB, que torcia por Simone, explicou que a vitória do alagoano pode ser positiva para os emedebistas mais antigos, que têm bom trânsito com ele, mas prejudicará o partido como um todo, que não conseguiria se livrar da pecha de ser a velha política. Também seria negativa para o Senado, que poderia ser visto como responsável por tudo o que vier a dar errado no governo de Jair Bolsonaro.

Desentendimento

As dificuldades de Renan vão se mostrar antes mesmo da votação. Os anti-Renan querem que a sessão seja comandada por Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também é candidato à Presidência, pois ele é o único membro da mesa atual que estará na próxima legislatura, ainda que seja apenas terceiro secretário suplente. Os renanzistas dizem que isso não vale e querem que a sessão seja presidida por José Maranhão (MDB-PB), o mais velho.

O senador paraibano é contra o voto aberto, pelo qual os senadores precisariam mostrar quem escolheram para presidir a Casa. Esse deve ser o motivo do segundo desentendimento do dia. O grupo contrário a Renan pretende reivindicar que a votação seja aberta, apesar de o regimento prever o pleito secreto. Eles sabem que, se o voto for a público, alguns senadores vão desistir de apoiar o emedebista. Líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que vai pedir, ainda, que a votação seja em dois turnos, ;de modo que só seja eleito aquele que conquistar, ao menos, 41 votos;. Há, assim, apenas uma certeza: a de duros embates na primeira abertura dos trabalhos do Senado.

A candidatura de Simone Tebet estava bastante forte há cerca de um mês. O problema, diz reservadamente um analista, foi a entrada no jogo, de forma pesada, do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, trabalhando por Alcolumbre. Ele é do DEM e quer o partido no comando das duas casas. O antes obscuro senador do Amapá fez uma campanha intensa, usando até um jatinho para viajar a 19 estados.

Para o cacique que apoiou Simone, a escolha dela esvaziaria a candidatura de Alcolumbre, cujo grande atrativo é ser o anti-Renan. Agora, ele entra na disputa com chances consideráveis de vencer. Ontem, antes da reunião da bancada, Simone disse que o presidente tem de ser do MDB, porque ;não é bom que um partido tenha a Casa Civil, a Presidência da Câmara e a do Senado;, que é o que acontecerá caso Alcolumbre seja eleito.

Parlamentares tomam posse hoje e vão escolher os comandos das Casas. Renan Calheiros vence disputa para ser candidato do MDB e desponta como favorito à Presidência do Senado. Na Câmara, Rodrigo Maia deve se reeleger em primeiro turno

Deputados

Na Câmara, as funções importantes já foram distribuídas pelo candidato do DEM, Rodrigo Maia. Fernando Giacobo (PR-PR) poderá contar com o apoio dele para se manter à frente da primeira secretaria. O presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), será o candidato oficial do bloco majoritário para disputar a primeira vice-presidência, enquanto Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do partido de Jair Bolsonaro, fica com a segunda.

Bivar pode ter alguns percalços para conquistar a segunda vice-presidência. Outros dois deputados do PSL manifestaram, nos bastidores, interesse no posto, mas ainda não garantiram que vão se candidatar como avulsos. Um deles está no primeiro mandato na Câmara.

A candidatura avulsa também ameaça o PRB, que pode perder a primeira vice-presidência para Ricardo Izar (PP-SP), que se lançou de forma independente. Na última eleição, essas candidaturas foram barradas devido a um acordo de líderes. O mesmo poderá ser feito pelo presidente da sessão, que será o deputado Patriota Gonzaga (PSB-PE).

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