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Após impasse, sessão no Senado é suspensa e remarcada para este sábado

O senador Renan Calheiros, um dos prováveis candidatos, e outros congressistas questionaram a legitimidade de Alcolumbre, que também pretender concorrer ao cargo, em comandar a sessão

Alessandra Azevedo, Simone Kafruni, Paulo Silva Pinto
postado em 01/02/2019 22:24

Plenário do Senado

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) decidiu suspender a sessão que escolheria o novo presidente da Casa, por volta das 22h desta sexta-feira (1;/2), após horas de discussões e impasse. A reunião será reaberta às 11h deste sábado (2/2).

A expectativa é que o encontro seja mais tranquilo do que o desta sexta-feira, que foi marcado por gritos, dedos apontados no rosto e Mesa Diretora ocupada, poucas horas depois de os senadores terem usado o espaço para tomar posse e jurar obediência à Constituição.

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A disputa está acirrada entre Alcolumbre e Renan Calheiros (MDB-AL), disfarçada de batalha entre voto aberto e voto fechado, respectivamente. A votação aberta diminui as chances do emedebista, devido, entre outros motivos, aos inquéritos a que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF). Em votação convocada nesta sexta pelo parlamentar do DEM enquanto presidia a Casa, os senadores optaram pelo voto aberto, apesar de o regimento prever que seja secreto. Foram 50 votos a favor e dois contra, além de uma abstenção. O resto não participou da votação. O placar não surpreendeu, já que, mais cedo, 48 senadores haviam assinado um documento em defesa do tema.

Colocar o assunto para deliberação do plenário fazia parte da estratégia dos aliados de Alcolumbre, cientes de que Renan teria menos chances, caso os apoiadores dele precisassem ir a público. A derrota na votação sinaliza dificuldades para o senador alagoano, que agora aposta em deslegitimar o processo, alegando que Alcolumbre não poderia sequer presidir a sessão, pois também é candidato. Portanto, o adversário não poderia ter convocado a votação pelo voto aberto. A decisão, na opinião dos renanzistas, deve ser cancelada.

A legitimidade de Alcolumbre à frente da presidência foi o assunto predominante ao longo das cinco horas de debates. Parlamentares pró-Renan diziam que ele precisaria escolher entre ser candidato ou presidir a sessão. Outros, apoiadores do candidato do DEM, gastaram tempo tentando convencer os colegas de que ele tinha direito de assumir a presidência, porque era o único remanescente da Mesa Diretora passada. Aconselhado por aliados, ele fez questão de não sair da cadeira nem durante o intervalo de uma hora, após a sessão de posse.

Durante as discussões, a senadora Kátia Abreu (MDB-TO) subiu na mesa, confiscou a pasta de Alcolumbre e ficou sentada ao lado dele pelo resto da sessão. "Se você pode presidir, eu também posso", disse. Ela fez vários discursos contrários à condução dos trabalhos pelo senador do DEM. Enquanto renanzistas chamavam o parlamentar de "usurpador", a outra ala reclamava da atitude da senadora. Alguns chegaram a pedir intervenção da polícia legislativa, ideia que não foi levada a sério.

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