Agência Estado
postado em 04/02/2019 22:08
A juíza federal Gabriela Hardt fixou fiança de R$ 6,8 milhões ao dono da Estre, Wilson Quintella, preso na 59ª fase da Operação Lava Jato, que mira supostas propinas de R$ 22 milhões em contratos da Transpetro. A magistrada também autorizou a fiança de R$ 1,5 milhão aos apontados como supostos intermediários na lavagem do dinheiro, Antonio Kanji, e Mauro de Morais. Na mesma decisão, ela converteu as prisões temporárias em preventivas - ou seja, por tempo indeterminado.
Denominada "Quinto Ano", a Lava Jato 59 mira supostas propinas de R$ 22 milhões de contratos da Transpetro firmados entre 2008 e 2014, e cujos valores chegam a R$ 682 milhões. As investigações têm como base a delação do ex-presidente da Transpetro, o emedebista Sérgio Machado. Wilson Quintella é apontado como pagador de supostas propinas e o escritório de Mauro de Morais teria agido para ocultá-las.
A Receita rastreou mais de R$ 20 milhões destinados ao escritório. O advogado teria feito saques pouco abaixo de R$ 100 mil para que transações de R$ 9,5 milhões não chegassem ao conhecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Segundo a magistrada, "tais circunstâncias são de elevada suspeição, considerando, sobretudo, que há elementos indicativos de que a Estre utilizava recursos em espécie como forma de repasse de propinas a agentes públicos".
"Embora os dados que informam a relação dos investigados ao menos até o ano de 2017, bem como operações suspeita na transferência de imóvel entre Antônio Kanji e Mauro Moraes que teria sido cancelada em 2016", anotou.
Hardt decidiu que, "em relação a Wilson Quintella, considerando que se tratava do responsável pela negociação da propina" ,a fiança deve ser de R$ 6,8 milhões, correspondente ao mínimo, de 1%, que poderia ter sido cobrado nos contratos do grupo Estre com a Transpetro.
"Em relação a Mauro de Morais e Antonio Kanji Hoshikawa, arbitro a fiança em R$ 1.580.000,00, correspondente ao imóvel supostamente negociado entre eles, operação que o MPF afirma ser fictícia e destinada a ocultar repasse indevido", anotou.
Defesa
Com a palavra, a defesa de Quintella
Segundo os advogados de Wilson Quintella, Pierpaolo Cruz Bottini e Leandro Racca, "a decisão reconhece que a prisão não era necessária uma vez que Wilson Quintela sempre se apresentou a justiça quando convocado, prestando depoimentos e comparecendo a todos os atos processuais. Cabe reiterar ainda que as atividades exercidas por suas empresas são lícitas, como já demonstrado amplamente. Quintella continua à disposição das autoridades para todos os esclarecimentos."