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Novo presidente do Senado precisa decidir sobre cargos e comissões

Depois da briga acirrada pela Presidência da Casa, a rodada de disputas agora será por cargos na Mesa Diretora e nas comissões. Renan Calheiros e Simone Tebet devem reeditar queda de braço

Alessandra Azevedo, Rosana Hessel
postado em 05/02/2019 06:00
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, vai decidir os integrantes da Mesa Diretora pelos próximos dois anosAgora que assumiu a Presidência do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) precisa decidir quem fará parte da Mesa Diretora pelos próximos dois anos. Cabe a ele distribuir os cargos de secretários, vice-presidentes e suplentes entre os senadores, além dos comandos das comissões. Alcolumbre ainda não disse se a divisão respeitará a regra da proporcionalidade, que garante os melhores postos às maiores bancadas. Ele já quebrou a tradição da Casa ao vencer a disputa para a Presidência, no sábado, cadeira que costuma ficar com o representante da maior bancada.

Ainda pela regra da proporcionalidade, os partidos com mais senadores têm prioridade na escolha das comissões e dos cargos da Mesa. Se não for respeitada, o principal prejudicado será o MDB ; maior bancada da Casa, com 13 parlamentares. A legenda está decidida a manter postos de prestígio, principalmente após a derrota de Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela Presidência no sábado.

Em conversas com Alcolumbre, o líder do partido no Senado, Eduardo Braga (AM), tem defendido que, como a legenda não ficou com a Presidência, pelo critério que é tradicional dentro do Congresso, teria direito a escolher primeiro qual comissão pretende presidir, além de ter direito a dois lugares na Mesa Diretora. Com base nesse argumento, Braga vai pleitear a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante do Senado, e a Primeira Vice-Presidência ou a Primeira Secretaria.

;Acho que é importante para o bom andamento dos trabalhos no Senado que haja esse entendimento. Esta Casa, nas vezes em que não encontrou um critério claro na proporcionalidade, acabou tendo um resultado que não foi muito bom. Esse critério é usado há muitos anos;, afirmou ele, defendendo alguma regra para manter a previsibilidade dentro da Casa. ;Quem tem experiência com o Parlamento sabe que, cada vez que houver uma disputa sem um critério estabelecido, essa disputa será sempre imponderável;, acrescentou ele, após uma reunião com senadores da legenda, incluindo Simone Tebet (MS).

A parlamentar foi derrotada por Renan na disputa pela indicação do partido à Presidência, mas lançou candidatura avulsa no segundo dia da sessão para a eleição do comando da Casa. Ela abandonou a disputa na fase dos discursos, a pedido de Alcolumbre, para quem declarou voto, em um claro sinal de racha dentro do partido.

Alguns aliados do alagoano, no entanto, têm trabalhado para que Braga o indique para liderar a CCJ, o que pode gerar mais uma briga entre Renan e Simone. A ala pró-Simone considera que a imagem do senador saiu arranhada da eleição e piorou no domingo, após ele ter feito um comentário machista, no Twitter, a respeito da jornalista Dora Kramer, que depois foi apagado. Caso Braga decida indicá-lo, o grupo considera ir publicamente contra a ideia. A bancada se reuniu ontem para discutir o assunto, mas não chegou a nenhuma decisão.

Ameaça
A senadora tem esperança de ser indicada pelo partido para presidir a CCJ. Ela defendeu ontem uma renovação do MDB e de suas práticas para que ela continue na legenda. ;Eu disse que não acreditava que um partido que tem democrático no nome vai expulsar um membro porque acompanhou a voz das ruas e da soberania popular e agiu com sua consciência dentro do Senado Federal;, declarou. ;Agora, se for assim, não preciso ser expulsa. Sou a primeira a sair. Até porque eu sairei de qualquer forma, senão hoje, num futuro próximo, se o MDB não se reinventar. Eu não saí ainda, mas o atual MDB, infelizmente, já saiu de mim.;

Alcolumbre, que esteve com líderes de PSD, PSL e Podemos para falar sobre a composição da Mesa Diretora, tem reunião marcada com o MDB hoje para discutir o assunto. Embora o nome de Simone não seja consenso entre os emedebistas para a CCJ, é a primeira opção do presidente. Alguns aliados defendem que, se a comissão não ficar com ela, deverá ficar com Antonio Anastasia (PSDB-MG). A legenda tem oito parlamentares na Casa. Está praticamente certo que o tucano terá um cargo importante, mas, segundo articuladores, a ideia é acomodá-lo na Primeira Vice-Presidência. Assim, seria substituto direto de Alcolumbre em caso de faltas. Hoje, o PSDB se reunirá para decidir que cargos vai querer.

O PSD defende que, por ter a segunda maior bancada da Casa (10 senadores), deveria ficar com a cadeira, apesar de ser uma situação atípica, com o presidente que não é da maior bancada. A ideia de Alcolumbre é que o PSD abra mão da Vice-Presidência e, em troca, fique com outros dois cargos-chave: a Primeira Secretaria e o comando da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), também bastante cobiçada. A decisão final sobre os cargos deve ser tomada após reunião de líderes, marcada para as 15h.

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