Politica

Caso Coaf vai para promotor que determinou prisão de ativistas em 2013

O promotor Luís Otávio Lopes assume o caso que envolve ex-assessor de Flávio Bolsonaro após colega se declarar suspeito para investigar o episódio

Agência Estado
postado em 06/02/2019 17:08
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, quando este era assessor do atual senadorA investigação a respeito de movimentações financeiras atípicas, identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), já está a cargo do promotor Luís Otávio Lopes, após Claudio Calo se declarar suspeito para cuidar do caso, na noite da terça-feira (5/2).

O novo responsável pelo caso é titular da 25; Promotoria de Investigação Penal (PIP) e ficou conhecido depois de pedir, em 2013, a prisão preventiva de 23 ativistas acusados de depredações durante as manifestações de junho daquele ano. O promotor acusou o grupo de formação de quadrilha, e a prisão foi ordenada horas depois pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27; Vara Criminal, em julho de 2014.

Segundo a polícia alegou na época, o grupo se organizaria em subgrupos e manteria uma hierarquia. Um dos agrupamentos cuidaria do planejamento de ataques, outro seria responsável por produzir e distribuir bombas, coquetéis molotov e outras armas, outro arregimentaria pessoas dispostas a executar atos de vandalismo.

Um dos ativistas cuja prisão foi requerida foi Elisa Quadros Sanzi, também conhecida como Sininho, apontada como líder do grupo. Segundo o promotor, ela teria incitado manifestantes a incendiar o prédio da Câmara Municipal do Rio e a queimar um ônibus em outro ato.

Afastamento após revelação de tuítes

Calo se declarou suspeito para analisar o caso um dia após recebê-lo. Ele tomou essa iniciativa depois da repercussão negativa de antigas publicações feitas pelo promotor em sua conta no Twitter. Nelas, o representante do Ministério Público compartilhou postagens sobre a família do presidente da República, Jair Bolsonaro, e comentou o caso Queiroz.

Ao longo do dia houve grande questionamento nas redes sociais sobre a imparcialidade do promotor. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Calo disse que deixou o caso por uma "questão técnica e não por pressão, em razão do Twitter, ou por questão de simpatia ou antipatia pela família." E completou: "Já denunciei pessoas de vários partidos MDB, DEM, PT, PRTB dentre outros."

O promotor também alegou, em seu pedido de suspeição, que, apesar de não ser amigo ou inimigo de nenhuma pessoa mencionada nos autos, encontrou-se pessoalmente com Flávio quando este era deputado estadual e senador eleito ainda não diplomado. A reunião teria sido antes dos fatos investigados serem divulgados pelos meios de comunicação, no dia 30 de novembro. A existência do relatório do Coaf foi revelado com exclusividade pelo Estado em 6 de dezembro. O encontro foi intermediado por ex-colegas de turma do promotor no curso de direito.

O objetivo do encontro, segundo ele, era tratar "exclusivamente de questões relacionadas com a segurança pública, precisamente com o combate à corrupção e o combate à lavagem de capitais, assim como projetos de leis relacionados com crimes contra administração pública e lavagem de capitais". Calo contou que na ocasião sugeriu ao parlamentar, dentre várias outras sugestões, o aumento das penas mínima dos crimes que causam lesão ao Erário, assim como dificultar a progressão de regime de cumprimento de pena.

"Neste encontro estiveram presentes este Promotor de Justiça, o referido parlamentar e dois amigos em comum que promoveram o contato pessoal com fins jurídicos, sendo que o contato, repise-se, ocorreu antes mesmo da divulgação pela mídia dos fatos ora investigados", disse.

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