Renato Souza
postado em 26/02/2019 12:24
A relação entre servidores da Receita Federal e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já não era boa, amargou nesta terça-feira (26/2), em decorrência de declarações do magistrado em relação ao trabalho desenvolvido no órgão.
O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) emitiu uma nota de repúdio, em que chama de "inaceitáveis" e "graves" as afirmações do ministro. De acordo com o sindicato, Gilmar se referiu aos servidores da Receita como "milícias" e "bando". O magistrado também afirmou que é alvo de um procedimento investigatório por conta de sua atuação nos processos da Operação Calicute, no Rio de Janeiro.
Um relatório da Receita apontou movimentações financeiras suspeitas por parte de Gilmar e sua esposa, Guiomar, e descreve indícios de lavagem de dinheiro e corrupção. Em entrevista a revista Época, Gilmar disse que a Receita ;está sendo usada como órgão de pistolagem de outras instituições;. Ele foi rebatido pelo Sindifisco e pela força-tarefa da Lava-Jato no Ministério Público do Paraná.
Em nota, a entidade sindical afirma que o magistrado está tendo uma postura em desacordo com as responsabilidades do cargo. "O Sindifisco Nacional, entidade que representa os Auditores-Fiscais da Receita Federal, manifesta profundo repúdio e irresignação com as expressões pelas quais o ministro Gilmar Mendes ; por meio de diversos veículos de comunicação ; tem-se referido à Receita Federal e ao seu corpo funcional, nos últimos dias. Temos assistido, atônitos, a um magistrado da mais alta corte do país proferir impropérios e acusações da maior gravidade sobre a instituição e seus Auditores-Fiscais, classificando-os por termos como ;milícias;, ;bando;, e jogando ao vento especulações vazias acerca da existência de achaques e de um suposto mercado de dossiês;, diz um trecho da manifestação do órgão.
"O pano de fundo para esses ataques é a adoção, pela Receita Federal, de uma metodologia específica para detecção de ilícitos tributários de Pessoas Politicamente Expostas ; agentes públicos que desempenham cargos e funções públicas relevantes, assim como seus familiares e pessoas do seu entorno ;, o que não raras vezes acaba levando Auditores-Fiscais a se depararem com delitos relacionados, destacadamente a lavagem de dinheiro e a corrupção", completa a nota.