O presidente da Caixa, Pedro Fernandes, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, e o secretário especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antonio Nabhan Garcia entraram na mira do Congresso. A queixa chegou ao presidente Jair Bolsonaro durante reunião com deputados, na terça-feira (26/2), quando ele foi avisado que seus auxiliares estariam se recusando ou demorando a receber parlamentares, o que é considerado uma ofensa no Congresso.
A interlocutores, o presidente da Caixa já disse que está no governo para ajudar o país e não consta dos seus planos passar o dia atendendo parlamentar. Fernandes costuma brincar que se muda para Miami se for obrigado a fazer isso. Nabhan, por sua vez, diz que a maior parte do seu tempo é destinada a atender parlamentares, "mas tudo tem limite" e "alguns não compreendem".
A orelha do presidente da Caixa esquentou na reunião que deputados tiveram com Bolsonaro na terça-feira. O líder do DEM, Elmar Nascimento (BA), foi quem delatou o executivo. "Levei como exemplo ao presidente que parlamentares pedem audiência com ele e são recebidos pelo assessor parlamentar. O pessoal está acostumado com outro tratamento."
Nem mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, escapou da agenda com o assessor. Nesta quarta-feira, ele postou nas suas redes sociais que havia se reunido com "assessores parlamentares da Caixa" para se oferecer na interlocução com o Congresso. O presidente do banco, porém, não estava presente. Eduardo jura que os dois se falaram pelo telefone.
Vélez
O ministro da Educação se salvou das críticas levadas por deputados ao presidente, mas não de queixas públicas sobre seu comportamento. "Estou desde o dia 15 de janeiro tentando marcar uma audiência com o ministro e não consigo", relatou o deputado Júlio César Ribeiro (PRB-DF) na tribuna.
O líder do Podemos, deputado José Nelto (GO), também disse que tenta desde o início do mês uma audiência com Vélez Rodríguez. "Queremos apresentar proposta do Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa. Faz três semanas e não tem nem resposta", disse.
O líder do PSD, deputado André de Paula (PE), garante que os parlamentares tentam agendar reuniões com os ministros para pedir "coisas simples". E coloca mais um nome na lista dos inacessíveis. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estaria demorando muito para atender deputados.
Ao ouvir as queixas, o presidente foi político. Segundo relatos, Bolsonaro teria afirmado que deu ordem para que os ministros priorizem as agendas com parlamentares. E contou que, até por ser ex-deputado, sabe como é importante o contato dos congressistas com o Executivo.
Reação
Nem bem assumiu a liderança do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) revela que já recebeu demandas a esse respeito. "Vou tentar resolver", promete. Ela sabe que deputado irritado vota contra o governo.
Procurada, a Caixa informou que desde janeiro prefeitos, secretários e governadores foram recebidos em mais de 60 audiências com o corpo diretivo do banco. Só não diz em quantas dessas audiências o presidente estava. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.