O presidente Jair Bolsonaro acatou a cobrança de líderes partidários e voltou a defender publicamente a aprovação da reforma da Previdência. Ontem, a militares, pediu ;sacrifícios; em prol do ajuste fiscal. Nas redes sociais, argumentou que é a partir da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) encaminha ao Congresso que o país terá condições de estabilizar as contas públicas e potencializar investimentos na saúde, educação e segurança pública.
Demorou duas semanas para Bolsonaro defender a reforma nas redes sociais. O último post no Twitter havia sido em 21 de fevereiro, quando publicou o pronunciamento feito em rede nacional nas TVs e rádios. Foi o dia em que ele, pessoalmente, apresentou a PEC no Congresso. Até ontem, nenhum outro comentário sobre o assunto havia sido publicado nas mídias pessoais do presidente. A situação desagradou lideranças dispostas a compor a base aliada, a ponto de expressarem publicamente o incômodo na reunião de líderes na última terça-feira.
Ao longo do período, o governo também foi pressionado a encaminhar a reforma da Previdência dos militares. A proposta enviada não contempla a modernização das regras de aposentadoria dos oficiais das Forças Armadas e das forças auxiliares de segurança pública, como policiais militares e bombeiros. Como a matéria deve ser conduzida por meio de um projeto de lei complementar, a articulação política avisou que mandaria o texto posteriormente. De pronta resposta, a Câmara avisou que a PEC tramitaria somente após o recebimento da matéria restante.
Para mostrar comprometimento com os aliados e garantir que os militares não serão poupados, Bolsonaro usou o pronunciamento de ontem, em cerimônia de aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro, para pedir aos militares compreensão e renúncia do conjunto atual das regras de aposentadoria. ;Quero dos senhores sacrifício também. Entraremos, sim, em uma nova Previdência, que atingirá os militares. Mas não deixaremos de lado nem esqueceremos a especificidade de cada força;, declarou.
Os militares ainda não sabem como será a reforma da categoria. Os últimos ajustes do texto estão em finalização pela equipe econômica. No entanto, um acordo entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os comandantes das Forças Armadas prevê que benefícios já existentes sejam mantidos, como a paridade e a integralidade. Ou seja, possibilitar que aposentados recebam o mesmo reajuste dos ativos e o último salário da carreira, respectivamente.
Padrões mundiais
A articulação política do governo garante que o projeto será encaminhado até a próxima semana, quando as comissões serão instaladas na Câmara dos Deputados. O processo marcará o pontapé inicial para a tramitação da PEC. O texto, destacou ontem Bolsonaro nas redes sociais, foi elaborado sob um modelo que segue os padrões mundiais. ;Combate os privilégios como aposentadoria especial para políticos, cobra menos dos mais pobres, e incluirá todos, inclusive militares;, afirmou.O presidente reforçou a defesa pela reforma em transmissão ao vivo em uma rede social. Disse que os parlamentares, assim como as demais categorias, vão se aposentar com o teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de R$ 5,8 mil, respeitadas as especificidades entre categorias. ;E não é porque eu quero. Precisamos fazer uma reforma da Previdência. Está mais do que deficitária. E não queremos que, no futuro, o Brasil se transforme em uma Grécia, que chegou ao fundo do poço;, ponderou.
A retomada da estrutura de comunicação que elegeu Bolsonaro empolga os líderes dispostos a apoiar a reforma. Para eles, o uso das redes sociais e das transmissões ao vivo deverão ser a principal estratégia no convencimento à sociedade. ;Há muita desinformação sendo divulgada. Há, hoje, pessoas com má compreensão sobre o tema ou que estão sendo enganadas. Por isso, pedimos ao presidente que se envolva pessoalmente na defesa da reforma. Ele é o maior ativo para o sucesso da aprovação;, avaliou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), líder da legenda na Câmara.