Agência Estado
postado em 13/03/2019 20:16
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, impôs a lei do silêncio ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). A orientação dada aos órgãos vinculados à pasta que ele comanda é de que não se manifestem publicamente sem submeter, previamente, todas suas informações ao ministério.
Procurado nesta quarta-feira, 13, para esclarecer um assunto à reportagem, o Ibama enviou a seguinte mensagem: "Por orientação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), demandas de imprensa relacionadas à atuação do Ibama devem ser direcionadas à Assessoria de Comunicação do MMA".
Até esta terça, o Ibama vinha atendendo normalmente às solicitações. Nesta quarta, foi publicada a exoneração do chefe de comunicação do Ibama. As áreas de comunicação dos dois órgãos, conforme apurou a reportagem, estão esvaziadas. No MMA, Ricardo Salles nomeou o militar Pallemberg Pinto de Aquino para centralizar todas as demandas.
No caso do ICMBio, os pedidos do MMA chegaram a incluir a interrupção de publicações feitas pelo órgão no Twitter. A página do ICMBio ainda está ativa na rede social. Com 13.900 seguidores, o órgão tinha o hábito de publicar informações quase diariamente, somando 5.508 mensagens. A última publicação do ICMBio foi feita há quase um mês, no dia 15 de fevereiro. Todos os textos produzidos pelo Instituto passaram a ser enviados antecipadamente ao MMA para que sejam publicados.
Assim como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro Ricardo Salles tem utilizado as redes sociais para divulgar informações. Nesta terça, publicou fotos de sua visita à Estação Antártica Comandante Ferraz. As orientações dadas informalmente aos dois órgãos causaram indignação entre os servidores do Ibama e do ICMBio. Ricardo Salles já anunciou que pretende unir os dois órgãos em apenas uma instituição.
Por meio de mensagens, a reportagem questionou o ministro sobre a censura imposta ao Ibama e ao ICMBio. Salles não se manifestou até a publicação deste texto. O MMA também foi procurado pela reportagem, mas não retornou ao pedido de esclarecimento.