Leonardo Cavalcanti
postado em 14/03/2019 06:00
O presidente Jair Bolsonaro preparou o discurso para convencer os parlamentares sobre a necessidade de aprovar a reforma da Previdência: ;Se o pessoal rejeitar, o dólar sobe, a bolsa cai. Temos de mostrar a gravidade da situação;, disse ele durante café da manhã com jornalistas de 11 veículos de comunicação. ;Veja o caso da Argentina, que voltou a ter problemas logo depois da aprovação da reforma. Caso nada seja feito, em dois ou três anos, o Brasil pode se aproximar do que aconteceu na Grécia.; O político, entretanto, se mostra otimista com os prazos de tramitação. ;Devemos aprovar até o fim do primeiro semestre. Afinal, no Senado deverá ser mais tranquilo.;
A conversa com os repórteres, da qual o Correio participou, começou pontualmente às 8h30 e durou uma hora. Ao falar do caso Marielle, Bolsonaro disse não se lembrar do policial Ronnie Lessa, preso ontem sob a acusação de ter matado a vereadora. ;Meu condomínio tem 150 casas. Ali, há uma mulher presa por tráfico internacional de drogas, e outro investigado pela Lava-Jato.; Segundo o presidente, ele ligou para o filho, Jair Renan, para saber se o caçula havia namorado a filha de Ronnie. ;Meu filho disse, naquele linguajar deles: ;Papai, namorei todo mundo no condomínio, não lembro dessa menina.;
Bolsonaro voltou a comparar o próprio caso, o da facada, com o de Marielle. E disse ter convicção de que Adélio Bispo não agiu por conta própria em Juiz de Fora (MG). O presidente chegou a apresentar algumas ilações como elementos para justificar a existência de um atentado a mando. Primeiro disse que, antes de descer do carro em direção à multidão, não achou o colete à prova de balas, mas, logo depois, disse que não o havia procurado. Sobre o inquérito da Polícia Federal, que aponta que Adélio agiu por conta própria, Bolsonaro avançou e recuou numa mesma frase: ;Não posso prejulgar. O delegado que cuida do caso (Rodrigo Fernandes) trabalhou para o governador do PT de Minas. Mas eu também tenho gente aqui que trabalhou com a ex-presidente Dilma;.
No fim, o presidente disse estar bem depois das cirurgias e contou um episódio ocorrido durante a internação: ;Fiz exames para verificar as condições do sono. E descobri 89 episódios de apneia por hora (número de interrupções respiratórias no período). Detenho o recorde brasileiro de apneia;. Além do Correio, foram convidados para o encontro Carlos Alberto di Franco (Estado de São Paulo), Carlos Nascimento (SBT), Fernando Mitre (Band), Fernando Rodrigues (Poder 360), Leandro Colón (Folha de S.Paulo), Mariana Godoy (Rede TV), Renata Lo Prete (TV Globo), Rudolfo Lago (IstoÉ), Thiago Contreira (Record), Paulo Enéias (Crítica Nacional) e Ruy Fabiano. Com Bolsonaro, estavam Hamilton Mourão (vice-presidente), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Floriano Peixoto (Secretaria-geral da Presidência), Floriano Amorim (secretário de Comunicação), Otávio Rêgo Barros (porta-voz), Alexandre de Oliveira (secretário de imprensa), Carlos Franco (chefe do cerimonial), e Célio Farias (chefe da Assessoria Especial do presidente). Confira os principais pontos da conversa.