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Ernesto Araújo, sobre viagem aos EUA: 'Não cedemos muito nessa visita'

Para o chanceler brasileiro, saldo da visita de Bolsonaro a Trump animou investidores. Araújo, porém, não detalhou as vantagens de abdicar de status preferencial na OMC para entrar na OCDE

Rosana Hessel
postado em 20/03/2019 16:39
Ernesto Araújo, ministroO ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, concedeu entrevista nesta quarta-feira (20/3), para fazer um balanço da visita do presidente Jair Bolsonaro e comitiva aos Estados Unidos.

No início da entrevista, Araújo demonstrou inquietação, pois seu papel na viagem acabou sendo ofuscado pelo filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanhou o pai na conversa privada com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e, portanto, desempenhando o papel de chanceler, que deveria ter sido do titular do Itamaraty.

Ao ser questionado sobre isso, ele tentou minimizar o desconforto com a presença do deputado, com quem disse comungar "das mesmas ideias". "Fazemos parte da mesma equipe. Ele ajudou muito na construção dessa parceria e achei excelente que ele pudesse participar da conversa, porque reforça essa ideia de que faz parte desse novo relacionamento", afirmou.

Na avaliação de Araújo, o saldo da visita de Bolsonaro aos EUA foi positivo e ele tentou rebater as críticas sobre o fato de o Brasil ter cedido mais do que os EUA nas conversas bilaterais. Não cedemos muito nessa visita. Se colocar um patamar de avaliação de interlocutores de fundos de investimentos, há entusiasmo com os sinais dados com o Brasil. O mundo está olhando o Brasil e reconhece que é um novo acordo. Muita gente quer que o gigante continue adormecido", declarou, acrescentando que é preciso que os jornalistas mudem as fontes de informação.

Ele, contudo, não detalhou como o país tem mais a ganhar do que a perder se realmente abrir mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) para receber o apoio formal dos Estados Unidos para a entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma vez que Chile e México já pertencem à OCDE e não abriram mão desse status.

Para o ministro, o principal saldo positivo foi a inclusão do país como aliado preferencial dos Estados Unidos na Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) e do acordo de salvaguardas tecnológicas para a base de Alcântara, no Maranhão.

Postura antiglobalista

O titular do Itamaraty ainda reforçou a postura antiglobalista do novo governo, criticando ideias de gênero e o politicamente correto. Para Araújo, dentro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil vai ajudar a mudar essa ideologia na entidade. "Estamos tentando fazer um governo com ideias e espero que reconheçam as ideias com a qual vamos trabalhando", afirmou.
Ao defender a decisão de derrubada do visto de turista dos viajantes de EUA, Japão, Canadá e Austrália, o ministro garantiu que haverá aumento de visitantes no país. "Essa decisão foi baseada em dados do Ministério do Turismo, que fez estudos com base técnica;, afirmou.
Em relação à Venezuela e sobre que medidas podem ser adotadas pelo Brasil e pelos EUA, ele não deu muito detalhes, mas tentou reforçar que é preciso combater o terrorismo de integrantes do Hezbolah que há no país vizinho.

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