O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta quinta-feira (21/3) que a prisão do ex-presidente Michel Temer ;é muito ruim para o país;. Ele comparou ainda o episódio com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detido em abril do ano passado, também pela Operação Lava-Jato.
;Eu já falei a respeito da mesma situação do presidente Lula. É muito ruim para o país ter um ex-presidente preso. Mas agora seguem as investigações;, disse Mourão. Questionado se a prisão de Temer pode atrapalhar a pauta de votações do Congresso, o presidente em exercício descartou a hipótese e preferiu distanciar os poderes.
;Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A realidade é que fica todo mundo naquela situação: igual cachorro em canoa querendo se equilibrar;, avaliou. Mourão viaja no final desta tarde a Porto Alegre, onde fica até sábado (23/3) pela manhã e retorna à capital federal.
Reforma pode mudar
Mourão comentou ainda a reação por parte dos parlamentares em torno do texto da reforma da Previdência dos militares entregue na quarta-feira (20/3), pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, ao Congresso Nacional. Mais cedo, estava marcada uma coletiva de imprensa para divulgar a relatoria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
No entanto, lideranças do PSL decidiram cancelar o anúncio, à espera de um posicionamento por parte do governo sobre a proposta dos integrantes das Forças Armadas. ;[O projeto] vai suscitar uma porção de discussões, óbvio. A oposição vai fazer o papel dela e quem considera que as ideias do governo são válidas, independentemente de ter base ou não, vai buscar apoiar [a reforma];, acrescentou.
O presidente em Exercício ressaltou que o pacote dos militares já está ;definido;. Contudo, não descartou mudanças no teor após debate com os congressistas. ;Eles [parlamentares] podem mudar. Já falei com vocês que as Forças Armadas [têm dois pilares]: disciplina e hierarquia. Manda quem pode, obedece quem precisa e tem juízo;, pontuou.
Aniversariante do dia
Em meio à crise, Jair Bolsonaro ainda não comentou a prisão do ex-presidente no Twitter, rede social que costuma ser abastecida frequentemente. Ele viajou ao Chile nesta quinta-feira, quando comemora 64 anos, para visitar o presidente do país vizinho, Sebástian Piñera. Acompanham o presidente os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Wagner Rosário (Controladoria Geral da União), e, novamente, um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. A primeira-dama, Michele Bolsonaro, contudo, declinou da viagem na quarta-feira (20/3).
Mesmo fora do país, Bolsonaro continuará fazendo a transmissão ao vivo de toda quinta-feira. Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Santana do Rêgo Barros, ele fará a live às 19h (horário local) e depois seguirá para um jantar de recepção e celebração de aniversário na casa do embaixador brasileiro. ;Não sei o cardápio que será oferecido. Mas é possível que ele tenha que soprar velas;, disse Rêgo Barros.
No Twitter, agradeceu às felicitações. "Agradeço de coração a cada um que está dedicando um momento para me desejar felicitações pelo meu aniversário. Retribuo o carinho e as mensagens positivas. Só peço a Deus saúde e sabedoria para conduzir com vocês nosso amado Brasil. Estamos juntos! Um forte abraço a todos", escreveu.
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Na sexta-feira (22/3), ele participará da cúpula presidencial sobre a integração sul americana, um dos motivos para a visita. O outro motivo é uma visita formal ao presidente Sebástian, que foi um dos primeiros chefes de Estado a cumprimentá-lo após a vitória nas eleições de outubro. Ele se encontrará com o chefe de Estado no sábado (23/3), último dia de viagem, e depois retornará ao país.