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Politica

Planilha mostra pagamento de propina para Temer ao longo de 20 anos, diz MP

Ministério Público afirma que ex-presidente chefiou organização criminosa ao longo de quatro décadas

O Ministério Público Federal (MPF) apontou, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (21/3), dia da prisão do ex-presidente Michel Temer, que a organização criminosa é chefiada pelo emedebista e que movimentou R$ 1,8 bilhão durante os 20 anos de atividade. Segundos os procuradores da Lava-Jato, o esquema teria adotado técnicas de contrainteligência para atrapalhar as investigações. Temer foi preso na manhã desta quinta, em casa, em São Paulo. Ele ficará preso na unidade prisional da Polícia Militar, em Niterói (RJ).

José Augusto Vagosta, um dos procuradores da operação, afirmou que as prisões de Temer, do ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, além do coronel João Baptista Lima, foram feitas para garantir o andamento do inquérito. "Os contratos eram forjados para perdurar durante anos, inclusive após o próprio mandato do ex-presidente da República. No caso de Angra 3, somadas às propinas, o valor foi de R$ 12 milhões cerca de R$ 12 milhões. Mas levantamos todos os casos envolvendo pagamentos ilegais ou pedidos de propina, e ainda o que seria pago e o valor chegou a R$ 1,8 bilhão", disse.

Augusto destacou, ainda, que nas próximas semanas uma ou duas denúncias podem ser apresentadas contra os investigados. Ao todo, dez pessoas foram presas. Os integrantes do grupo são acusados de falsificarem documentos, e adotarem técnicas para tentar enganar as autoridades. "A organização criminosa comandada por Temer tinha constante e ativo direcionamento de esforços no sentido de monitorar, impedir (por meio de subtração de documentos) e confundir (pela produção de documentos) as investigações", informou a força-tarefa da Lava-Jato no Rio.

O MPF afirmou que, durante as investigações relacionadas aos desvios em recursos da Eletronuclear e das obras de Angra 3, foi identificada uma planilha que detalha os pagamentos de propina ao ex-presidente Michel Temer.

[SAIBAMAIS] A procuradora Fabiola Schneider;destacou que Temer e o coronel João Baptista Lima atuam juntos em esquemas de corrupção desde que se conheceram, há 40 anos. As diligências apontaram que nos momentos em que Temer estava no poder, a Engeplan, empresa de Lima, obteve sucesso em concorrências para prestar serviços em diversas áreas do serviço público. "É possível ver um crescimento exponencial da Engeplan em contratos públicos nos períodos em que Michel Temer ocupou cargos públicos", disse a procuradora.

Além disso, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões na conta da Engeplan. Esse fato ainda está sendo investigado e as autoridades apontam que o esquema ainda está em andamento.
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