Agência Estado
postado em 27/03/2019 17:48
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 27, que não houve ditadura militar no Brasil. Em entrevista ao programa do apresentador José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, Bolsonaro afirmou que as comemorações do 31 de março ficarão restritas aos quartéis militares e serão feitas apenas a leitura de datas relativas ao que ele chama de revolução democrática de 1964.
"Vamos citar as datas, os números. Só isso", disse. O presidente afirmou que, na época, os jornais e organizações civis defenderam a saída do ex-presidente João Goulart do poder. Ele também minimizou o fechamento do Congresso Nacional ao comparar a edição de decretos-lei e a edição de medidas provisórias pelos governos pós-ditadura e disse que o regime militar não acabou com as liberdades individuais no País.
De acordo com Bolsonaro, o Congresso nos últimos 20 anos teve seus trabalhos interrompidos pela edição de muitas MPs que acabaram travando a tramitação de projetos de iniciativa dos parlamentares. O presidente, porém, admitiu que o regime militar teve problemas.
"Não foi uma maravilha. Regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? Se esse pessoal que no passado tentou chegar ao poder usando as armas e que hoje estão presos, se esse pessoal tivesse ganho aquela guerra, imagina como estaria o Brasil?", questionou em alusão a partidos de esquerda que lutaram contra a ditadura.
A determinação de que o golpe militar seja comemorado tem gerado críticas e reações de diversas instituições que contestam a ordem. A juíza federal da 6ª Vara de Brasília, Ivani da Silva Luz, mandou intimar o presidente sobre ação popular do advogado Carlos Alexandre Klomphas que pede para que sejam barrados os festejos em torno do aniversário do golpe. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo no domingo, 24, o presidente Jair Bolsonaro orientou os quartéis a celebrarem a "data histórica", quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos.
Relação com o Executivo
O presidente voltou a dizer que não tem problemas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. "Zero problema", afirmou ele. Mas disse que parlamentares "fazem tempestade em copo d'água" e questionou onde estaria errando. "Quem disse que teve ataque meu ao Rodrigo Maia? Quem disse que teve ataque meu ao Congresso?", questionou Bolsonaro, argumentando que seu erro foi escolher um ministério técnico, competente e independente. "Meu maior erro que cometi na política", declarou.
Segundo o presidente, quando se fala em velha e nova política, já se consegue no mínimo dividir o parlamento. "Pessoal reclama da aproximação. Que aproximação é essa? Não posso atender", afirmou.
Ele culpou ainda a imprensa pela impressão de que o cenário é de turbulência. "Tem muita coisa boa acontecendo. Lamentavelmente grande parte da mídia não divulga as duas coisas, prefere ficar na futrica, na fofoca", reclamou Bolsonaro, embora tenha dito mais adiante que busca aproximação com a mídia tradicional e não quer ser inimigo do jornalismo.