Politica

Segurança e comércio serão os principais temas de Bolsonaro em Israel

A ida do presidente Jair Bolsonaro a Israel faz a discussão da mudança da representação brasileira de Tel Aviv para Jerusalém voltar à tona. A atenção principal durante a visita, no entanto, deve ser voltada para segurança e acordos comerciai

Simone Kafruni, Bruno Santa Rita - Especial para o Correio
postado em 30/03/2019 07:00
De acordo com o Planalto, a viagem de Bolsonaro é de

O presidente Jair Bolsonaro e uma comitiva viajam hoje, com previsão de retorno na próxima quarta-feira, para Israel. A visita reacende as expectativas da bancada evangélica sobre a troca da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. O Palácio do Planalto, contudo, não confirma qualquer anúncio nesse sentido, apenas que estão sendo realizados estudos para implementação de um escritório de negócio na cidade sagrada.

Bolsonaro terá uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que o receberá no aeroporto. ;Apenas quatro chefes de Estado foram recebidos por ele no aeroporto. Bolsonaro será o quinto, o que mostra a deferência;, ressaltou o porta-voz general Otávio Rêgo Barros. A viagem, segundo o general, segue a linha de ;aproximação com países que valorizam a democracia e o livre mercado;.

O presidente fará visitas à unidade contra o terrorismo da polícia israelense e à brigada de busca e salvamento da frente interna de Israel. ;Os militares dessa brigada são os que participaram das buscas por sobreviventes na tragédia de Brumadinho. Eles serão condecorados com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros;, afirmou.

Barros explicou que o presidente Bolsonaro está ;demandando estudos para avaliação da instalação de um escritório de negócios em Jerusalém;. ;Quando fazemos estudos ; sobretudo nós, que temos perfil militar e o presidente também tem ;, levantamos vantagens e desvantagens apresentadas ao Estado-Maior. Quem é o Estado-Maior nesta questão? O Ministério de Relações Exteriores, o núcleo duro do Planalto e os assessores mais próximos;, disse. Os estudos vão mostrar qual a melhor linha de ação, continuou Barros. ;Pode ser que, a partir disso, sequer seja colocado o escritório ou até a instalação da embaixada naquela cidade;, disse.

Barros enumerou os possíveis acordos entre Brasil e Israel: cooperação em ciência e tecnologia, nos princípios de igualdade e benefício mútuo; estabelecer e explorar serviços aéreos entre os respectivos territórios; memorando de cooperação entre o GSI e o órgão correspondente de Israel sobre cybersegurança; e acordos na área de segurança, defesa, saúde e medicina.


Repercussão


A bancada evangélica na Câmara tem grandes expectativas para a viagem de Bolsonaro para Israel. Segundo o deputado Silas Câmara (PRB), presidente da frente na Casa, o grupo espera que o chefe do Executivo concretize a promessa de campanha. ;A expectativa é de que cumpra com a palavra e leve a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém;, explicou. Há também um certo desconforto dentro do grupo com a falta de convites do governo. ;Antigamente, o presidente tinha orgulho de levar nessas viagens os deputados para fortalecer a comitiva. Ele deve achar que até isso é promíscuo;, criticou.

O deputado Alan Rick (PRB), membro da bancada religiosa na Câmara, comentou sobre o principal objetivo da viagem: as relações comerciais entre Brasil e Israel. ;O presidente está restabelecendo laços com nações que são historicamente ligadas ao Brasil;, avaliou. Rick, ao contrário do que espera a bancada, acredita que a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém não será um tema tratado no encontro em Israel. ;O Brasil tem uma série de problemas com facções criminosas. Nós temos muito a ganhar com uma parceria pela expertise que Israel tem em defesa e segurança pública;, completou.

O professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Jorge Ramalho enumerou motivações para a viagem. ;Primeiramente, a questão ideológica. Bolsonaro tem uma convicção religiosa com boa parte dos deputados e senadores que o apoiam. Para essas pessoas, a relação com Israel é transcendente;, explicou. A aproximação, por tabela, com os Estados Unidos também justifica a viagem, segundo o professor. ;Em defesa e segurança há, de fato, boas oportunidades. O Brasil já tem uma relação tradicional com o país, que tem equipamentos de boa qualidade. Seguramente, há o que aprender com Israel.;


Em rede nacional


Começa a tomar forma na internet uma campanha para que o presidente Jair Bolsonaro use pronunciamentos em rede nacional, de forma mais constante, para falar sobre o governo. Com a hashtag #BrasilQuerReforma, que ontem ficou entre os assuntos mais comentados durante o dia, muitos internautas começaram a fazer o pedido. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) foi uma a falar sobre isso. ;Sim, e é direito do presidente da República requisitar a transmissão de pronunciamentos em rede nacional de matérias de interesse de sua administração (Artigo 87 do Decreto n; 52.795);, tuitou ela. O também deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, lançou a pesquisa: ;Você acha que @jairbolsonaro deveria falar em rede nacional de televisão sobre fatos referentes ao governo federal?;.

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