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Politica

Bolsonaro sobre Israel: Nosso relacionamento veio para ficar

Ele reforçou que a parceria está marcada com a abertura do escritório de negócios em Jerusalém, anunciado no primeiro dia de sua visita oficial ao país

Jerusalém, Israel ; Em encontro com empresários, o presidente Jair Bolsonaro fez questão de reafirmar que o noivado com Israel, na manhã desta terça-feira (02/04). Ele reforçou que a parceria está marcada com a abertura do escritório de negócios em Jerusalém, anunciado no primeiro dia de sua visita oficial ao país. ;Os senhores começam cada vez mais a notar que esse nosso relacionamento veio para ficar;, afirmou.

Em um discurso de aproximadamente 10 minutos, o presidente brasileiro elogiou o desenvolvimento de Israel com tão poucos recursos naturais se comparado ao Brasil. ;Israel, perto do Brasil não tem quase nada em terras e recursos minerais, mas tem um povo com a fé acima de tudo. E essa fé que remove montanhas vem transformando o país;, afirmou. Tenho estudado que Israel é um país aberto para o mundo e menor do que o nosso menor estado, o Sergipe. Temos que fazer muita coisa para o Brasil e Israel também;, emendou.

O presidente propôs parceiras na área de exploração do nióbio e do grafeno existentes. ;Temos a segunda maior reserva de grafite do mundo por aí que, na próxima década, US$ 1 trilhão movimentará essa maravilha do grafeno;, afirmou. Ele destacou que o governo está fazendo a sua parte, com várias medidas de reforma na agenda, como redução do estado e de desburocratização que estão sendo encaminhadas ao Congresso que tem a expectativa de que o espírito patriótico dos parlamentes dará uma resposta positiva sobre a reforma da Previdência. ;Com essas medidas, podemos fazer muitas coisas juntos;, disse ele, apresentando seus ministros ao público. O presidente também destacou a biodiversidade brasileira. ;Ninguém tem a biodiversidade que nós temos. Novos campos a serem descobertos;, afirmou.

Ao citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro disse que o governo está trabalhando para ;despertar a confiança; e ignorou os ataques que alguns ministros estão recebendo nas redes sociais de um de seus gurus, o escritor Olavo de Carvalho. ;Escolhemos uma equipe de pessoas qualificadas e que têm o país acima de tudo. Queremos um Brasil grande também;, disse.

Antes, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não poupou elogios a Bolsonaro e afirmou que as possibilidades de parcerias entre os dois países ;são infinitas;. Como um bom mercador, ele vendeu seu país de forma muito invejável se comparada com a de Bolsonaro. Usou uma apresentação com números e tabelas sobre a evolução do país nos últimos anos. Mostrou, por exemplo, como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país, de US$ 40,2 mil, atualmente. Graças a evolução conquistada desde 2007, quando ele era ministro das Finanças e desenhou um programa de reformas, reduzindo impostos, melhorando o ambiente de negócios e reduzindo o tamanho do estado. ;Israel é o laboratório do mundo. Acredito que o Brasil tem dádivas tremendas. Ele é o bolo e podemos ser o fermento. Somos o parceiro perfeito de vocês. Não temos limitações;, disse ele, voltando a citar as áreas de segurança cibernética, agricultura e água como exemplos de parceiras. ;Temos muitas possibilidades. O céu é o limite;, frisou.

No início de seu discurso, ele contou uma história de quando era recruta e um soldado magro conseguia correr com outro bem gordo sobre os ombros dele. Bolsonaro aproveitou o gancho e comparou o soldado magro com o setor privado e o gordo, com o Estado e reforçou que, uma de suas medidas, é reduzir o tamanho da máquina pública.

Ao encerrar o discurso, o premier comparou os dois países como uma árvore, com grandes raízes que costumam lançar ramos ao céu. Ele voltou a dizer que a parceria é uma oportunidade de mudar o futuro conjunto.

O presidente e Natanyahu participaram da abertura do encontro empresarial Brasil-Israel, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) no hotel David Citadel. Pelas estimativas do pessoal diplomático, estavam previstos de 200 a 250 pessoas no auditório do evento.

Agenda

Antes da abertura do encontro no hotel David Citadel, Bolsonaro e Netanyahu visitaram uma exposição de empresas de inovação no mesmo hotel do evento. Eles acabaram invertendo o cronograma de início da conferência. Depois, o presidente brasileiro seguiu para uma visita à empresa Mobileye, subsidiária da gigante de microprocessadores norte-americana Intel, no entorno de Jerusalém, onde ele fará um passeio em um veículo autônomo da companhia.

Ao retornar ao hotel, o presidente participou de um almoço com os empresários, e, em seguida, foi visitar o Centro de Memória do Holocausto, onde está programada uma cerimônia de oferenda de flores no Hall da Memória, em homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial. Depois, ele segue para o Bosque das Nações do Centro, no qual haverá uma cerimônia de plantio de muda de oliveira. Esse ritual simboliza uma homenagem às pessoas que ajudaram a salvar as vítimas do Holocausto.