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Bolsonaro lembra homenagem a Ustra e diz que nazismo era de esquerda

Presidente disse a grupo de brasileiros que repercussão negativa de seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff não o impediu de se tornar presidente

Jerusalém, Israel ; No último compromisso do terceiro dia da viagem oficial a Israel, o presidente Jair Bolsonaro recebeu um grupo da comunidade de brasileiros da cidade de Raanana, a quase 50km de Jerusalém. No encontro, o presidente voltou a causar polêmicas ao resgatar, mesmo sem citar nome, um dos maiores torturadores do Brasil e a afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda.

Ele disse aos convidados que, seu voto pela abertura do processo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, se transformou em uma notícia negativa tanto nacionalmente quanto internacionalmente. Na época, prosseguiu, afirmaram que ele não ;ganharia nem para ser prefeito de sei lá onde;. ;Aconteceu o contrário, eu virei presidente;, concluiu.

Em 2016, ao declarar o seu voto, Bolsonaro fez uma homenagem à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chamando-o de ;o pavor de Dilma Rousseff;. Ustra é considerado um dos maiores torturadores do regime militar no Brasil.

Na saída do encontro com a comunidade de Raanana, ele causou outra polêmica: compartilhou a opinião controversa do ministro das relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que o nazismo é um movimento de esquerda. "Não há dúvida, né? Partido socialista; Como é que é?.. da; da... Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha. Sim", frisou.

Pouco mais tarde, o ministro Araújo voltou a defender sua teoria de que o nazismo é um movimento de esquerda. Ao ser questionado sobre qual é a avaliação dele sobre o fato de o Museu do Holocausto, que foi visitado pelo presidente, definir o nazismo como movimento de direita, ele desconversou.

"Essas definições de esquerda e direita... tem que ser visto o que se entende por elas. A questão é comparar o conteúdo das coisas. Não necessariamente os termos", disse ele, acrescentando que lançou esse debate porque defende que as pessoas discutam mais o conteúdo dos movimentos totalitários e busquem o que eles têm em comum.

Para o chanceler, é preciso aprofundar as definições do que se entende por totalitarismo, extrema direita e extrema esquerda ao longo da história, sobretudo a do século 20. "Muitas vezes, a associação do nazismo com a direita foi usada para denegrir movimentos e linhas de pensamentos que são considerados de direita e que não tem nada a ver com o nazismo", afirmou. Ele contou que procurou apontar essa questão para que as pessoas estudem tentem ler a história, "de acordo com uma perspectiva mais profunda e não de forma superficial".

Ao ser questionado sobre o viés político de o presidente ter ido ao Muro das Lamentações, na semana das eleições no próximo dia 9, Araújo negou. ;Foi um momento de homenagem da religião judaica;, afirmou. ;Não vemos como uma questão política;, emendou.

Pauta positiva

Ao ser questionado sobre a menção ao voto por ter citado Ustra e ser cobrado de mais explicações sobre a opinião em relação ao nazismo, ele se queixou da imprensa e disse que ela ;só quer dar notícia negativa;.

;Eu quero tratar vocês com o respeito que vocês merecem. Essas perguntas menores vão servir para dar manchete negativa nos jornais. No Brasil eu respondo para vocês. Aqui, a pauta foi positiva. Foi positiva aqui, foi positiva no Chile, foi positiva nos Estados Unidos, vai no Japão (no fim de junho) e na China (no segundo semestre);, afirmou ele, referindo-se ao encontro de líderes do G20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta.

A cúpula do G20 ocorrerá na cidade japonesa de Osaka, entre 28 e 29 de junho. ;Essa é que é a ideia da nossa saída (do país). O Brasil tem potencial que ninguém tem. E nós precisamos aproximar cada vez mais desses países que podem colaborar muito com a nossa economia e com o nosso progresso;, completou. Ele confirmou que também visitará um país árabe do Norte da África na segunda metade do ano. ;Temos vários convites;, disse.

O presidente retorna ao Brasil amanhã (3/4). A volta foi antecipada em algumas horas por questões logísticas.