Rodolfo Costa
postado em 03/04/2019 12:17
O diálogo entre governo e líderes partidários por indicações políticas está desgastado. Até o momento, nenhum partido foi chamado para discutir o apadrinhamento de nomes técnicos para a composição de segundo e terceiro escalões, afirmou nesta quarta-feira (3/2) o líder do PRB na Câmara, Jhonatan de Jesus (RR), após reunião com o presidente em exercício, Hamilton Mourão.
A composição de espaços no governo em cargos de livre nomeação não foi debatida com os líderes partidários pela articulação política, nem por líderes do governo, afirmou Jesus. O deputado garante que a bancada do PRB não está atrás de cargos atualmente, mas explica que as conversas se mantêm no âmbito das bancadas estaduais.
Cada bancada estadual está cuidando dos cargos nos respectivos estados. O governo se baseia no chamado banco de talentos, mecanismo que prevê a escolha de nomes técnicos para assumir postos estratégicos no governo. ;Se o banco de talentos for servir, vai servir para os estados através dos líderes da bancada nos estados, e não para o líder ou presidente do partido;, declarou Jesus.
A dificuldade no diálogo em ter uma interlocução com o governo para a indicação de aliados das bancadas partidárias é uma causa que provocou os recentes atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso. Em viagem ao Chile, há duas semanas, ele disse que alguns parlamentares não querem ;largar a velha política;, em crítica ao chamado ;toma lá da cá;.
O governo cobra que as indicações sejam técnicas. Mas Jesus insiste que o Congresso tem o perfil cobrado pelo governo e, ainda assim, as bancadas partidárias não têm conseguido diálogo. ;Assim como o governo sabe quem são os técnicos, nós também. Temos bons técnicos para ser indicados. Se não for bom para o governo, que mude;, retrucou.
Desde fevereiro, início da atual legislatura, líderes partidários vêm procurando um diálogo com o governo, com demandas diversas. Seja pedido de liberação de emendas impositivas ; que o governo é obrigado a executar ;, a indicação de apadrinhados, ou atendimento de agendas junto aos ministros de Estado. Até o momento, as conversas são tímidas e até controversas por parte do presidente da República, criticam líderes.
Apesar do pouco diálogo, Jesus acredita que ainda há tempo para o governo melhorar o relacionamento com o Congresso. Foi até um dos temas comentados por ele na reunião com Mourão. ;O governo nem começou ainda. Acho que todo diálogo é possível. A formação da base pode acontecer amanhã ou tão próximo. Depende do governo e do relacionamento que quer criar com o Parlamento. O governo precisa começar a olhar para a Câmara como instituição independente, mas que é aliada;, avaliou.