Ingrid Soares, Renato Souza, Bruno Santa Rita - Especial para o Correio
postado em 05/04/2019 20:04
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra pelo menos dois servidores da Receita que são suspeitos de acessarem ilegalmente dados fiscais do presidente da República, Jair Bolsonaro e de integrantes de sua família. Uma sindicância interna apontou que a consulta aos dados ocorreu sem que existisse qualquer justificativa legal.
As equipes policiais foram até o prédio da Receita em Campinas, no interior de São Paulo e recolheram informações dos computadores usados por um dos suspeitos. Assim que notou as ações dos servidores, o Fisco acionou a PF para investigar o caso.
Além do acesso em São Paulo, a PF investiga o servidor Odilon Ayub Alves , que acessou os dados do chefe do Executivo por um computador na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo. Ele usou o sistema do Fisco para fazer a consulta.
Ele é irmão da deputada federal Norma Ayub (DEM-ES). Ao Correio, a parlamentar informou que Odilon não agiu com intenção de prejudicar o presidente e que o fato ocorreu no ano passado. ;Ele não teve maldade. Ele é Bolsonaro, sempre foi, fez campanha. Foi uma ingenuidade. Ele não era nem presidente quando isso aconteceu;, explicou.
Norma contou que a ideia de acessar os dados de Bolsonaro teria começado com uma brincadeira. O servidor, ao atender uma pessoa com o mesmo nome do presidente na unidade onde trabalha, em Cachoeiro, fez a busca em um momento de descontração, segundo informou a deputada. ;Ele brincou se o sobrenome do moço era Bolsonaro. Daí veio a ideia;, disse.
;Ele errou de ter acessado o sistema, mas não teve maldade. Ele entrou como um fã, como eleitor. A maior parte da população queria conhecer Bolsonaro na época;, afirmou. Segundo ela, o acontecido foi um caso isolado e não irá gerar grandes repercussões. ;Ele só vai prestar um depoimento. Não teve prisão;, ressaltou.