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Acusado de agredir ex-esposa, Admar Gonzaga desiste de recondução ao TSE

Dentro do Supremo, a avaliação é a de que o gesto de Admar foi uma forma de preservar as instituições - e a própria imagem do ministro

tramitava no Supremo até a semana passada, quando o ministro Celso de Mello decidiu enviá-lo para o Tribunal de Justiça do DF, por entender que o caso não se encaixa no novo entendimento do foro privilegiado, que só vale para os crimes cometidos no exercício do mandato e em função do cargo.

Como o Estado informou, o presidente Jair Bolsonaro terá de escolher nas próximas semanas dois novos ministros para o TSE. Os mandatos de Admar e Tarcísio Vieira se encerram, respectivamente, em 27 de abril e 9 de maio. Ambos pertencem à classe dos advogados, que conta com duas cadeiras na Corte Eleitoral - os outros cinco ministros que integram o TSE vêm do Supremo e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que compõem a Corte Eleitoral em um esquema de rodízio.

Bolsonaro investigado no TSE


As escolhas para o TSE são importantes já que a campanha de Bolsonaro à Presidência da República é alvo de oito processos que apuram supostas irregularidades, como disparo em massa de mensagens no aplicativo WhatsApp contra o PT, ataque cibernético ao grupo de Facebook Mulheres Unidas contra Bolsonaro e outdoors espalhados com o nome de Bolsonaro em diversos municípios brasileiros. A defesa da campanha nega irregularidades.

Admar já advogou para o Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), garantindo na Justiça o direito do filho do presidente de concorrer ao cargo de vereador no início de carreira, aos 17 anos - em 2000, Carlos tornou-se o mais jovem vereador da história do Brasil. O próprio Jair Bolsonaro já chamou Admar de "meu peixe" perante interlocutores.

Com a desistência de Admar Gonzaga, a expectativa dentro do TSE é a de que o ministro substituto Sérgio Banhos seja efetivado como titular. A articulação nos bastidores é sobre os demais nomes que vão integrar as listas tríplices e assumir uma vaga de substituto - entre os nomes ventilados está o do advogado Flávio Pansieri, atual diretor da Escola Judiciária Eleitoral da Corte.

Cabe ao ministro substituto julgar durante as eleições questões envolvendo propaganda eleitoral e eventualmente substituir algum titular em caso de ausência ou impedimento. A recondução de Tarcísio Vieira por mais dois anos é considerada praticamente certa por integrantes do TSE.