Rodolfo Costa
postado em 13/04/2019 07:00
Polêmicas à parte na ingerência na Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro ainda tenta acertar a articulação política feita pelo governo. Ontem, deu início à agenda positiva que pretende adotar ao longo dos próximos 100 dias de governo, a fim de se aproximar da população e dos parlamentares, em lançamentos de obras e programas governamentais. Em Macapá, ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), do governador do estado, Waldez Góes (PDT), e do prefeito da capital, Clécio Luis (Rede), inaugurou o novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre ; tio do senador.
O gesto é essencialmente político. Conta pontos para Bolsonaro com a população da capital do Amapá e de outros estados da região. A obra inaugurada recebeu investimentos de R$ 166,4 milhões e se tornou um dos principais empreendimentos do governo na região Norte, que tende a propiciar a melhora do bem-estar social, do comércio e da geração de empregos. O aeroporto passará a receber 5 milhões de passageiros por ano, acima dos 800 mil atuais. Por consequência, são fatores que, politicamente, se tornam importantes para os parlamentares e gera, por fim, bônus ao governo. Todos saem ganhando: no Palácio do Planalto e no Parlamento.
Foi a primeira visita de Bolsonaro ao Amapá, único estado que não havia visitado na campanha eleitoral. No evento de inauguração, foi enaltecido e chamado aos gritos de ;Mito;. É o que cobram deputados e senadores, sobretudo tendo em vista as discussões da reforma da Previdência. As bancadas partidárias exigem que ele seja o ;garoto-propaganda; das modificações nas regras de aposentadorias. A lógica é simples. Um presidente fortalecido e querido pelo povo tem mais chances de convencer a população da necessidade de uma matéria impopular encaminhada pelo próprio governo do que os parlamentares com suas bases. Além do desgaste ser menor, os congressistas dispostos a votar favoravelmente podem se sentir mais confortáveis com a decisão tendo o presidente da República como fiador.
A participação na cerimônia de entrega do terminal do líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é a prova de que o gesto de Bolsonaro é positivo. Além dele, participaram o senador Lucas Barreto (PSD-AP) e outros oito deputados federais do estado. Na chegada ao aeroporto, o presidente se reuniu com todos, além de Alcolumbre, Góes e Clécio. O chefe do Planalto sinalizou que a inauguração do terminal não é a única medida que pretende adotar.
Exploração
O presidente da República defendeu a exploração da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca). A unidade territorial chegou a ser extinta no governo do ex-presidente Michel Temer, que recuou depois de diversas críticas de entidades ambientalistas. A área fica na divisa entre Pará e Amapá e é rica em ouro, ferro e cobre. Ambientalistas, no entanto, a qualificam como uma espécie de barreira para a preservação do meio ambiente local. ;Sempre me refiro, no tocante a riquezas, ao pequeno estado de Roraima. Mas este grande estado, médio estado do Amapá, também é rico. Conversando com alguns parlamentares, vamos conversar sobre a Renca? A Renca é nossa. Vamos usar as riquezas que Deus nos deu para o bem-estar da nossa população;, destacou.
A exploração ;responsável; da Amazônia também não está descartada por Bolsonaro. ;Com essa indústria de demarcação de terras indígenas, que nasceu lá atrás, depois que o (João) Figueiredo (o último ex-presidente do regime militar) deixou a presidência, pode, mais cedo ou mais tarde, nós perdermos a Amazônia, porque novos países poderão passar a existir aqui dentro do Brasil;, ponderou. A visita a Manaus também está no radar do governo. A expectativa é de que ele visite a Zona Franca de Manaus, polo industrial da capital amazonense. A visita do presidente também está prevista em Campina Grande (PB), onde ele inaugurará casas do programa Minha Casa Minha Vida.