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Investidores ficam inseguros com a reforma da Previdência e dólar sobe

Decisão da CCJ de adiar para a próxima semana a votação da admissibilidade da reforma da Previdência acentua desvalorização do real e derruba a Bolsa de Valores. Investidores temem dificuldades para o governo articular o ajuste fiscal



Diante das incertezas em relação à aprovação da reforma da Previdência, o dólar encerrou o dia em alta de 0,83% cotado a R$ 3,934. A desconfiança dos investidores sobre a capacidade do governo de reduzir os gastos públicos e implementar mudanças no sistema de aposentadorias derrubou a Bolsa de Valores de São Paulo (B3). No fim do pregão, o Ibovespa ; que mede o desempenho das principais ações brasileiras ; caiu 1,1%, para 93.285 pontos. No mês, a desvalorização chega a 2,31%.

O movimento de inquietação do mercado foi intensificado depois que os parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiaram a votação da reforma da Previdência para a próxima semana. Parlamentares do centrão se mobilizaram para realizar alterações no texto e pressionaram o relator, delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), que admitiu que pode modificar alguns pontos do texto.

Para quem vai viajar e ainda não comprou a moeda norte-americana, vai encontrar o dólar turismo com alta de 0,74% a R$ 4,090. Em algumas casas de câmbio, chegou a ser negociado a R$ 4,90. De acordo com um operador do mercado, os mais afoitos estão de ;ressaca, porque atiraram no que viram e acertaram no que não viram;. Isso significa, segundo ele, que, ansiosos por mudanças, os analistas apostaram ;cegamente; nas transformações que desejavam, mas esqueceram de combinar o jogo com o Congresso.

Por essas razões, o mercado vem mantendo, permanentemente, os olhos grudados na CCJC, disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. ;Realmente ficou clara a desorganização do governo. Uma votação que deveria ser apenas para debater a constitucionalidade do texto virou outra coisa, com sérias probabilidades de mudanças arriscadas na proposta original. A conturbada sessão na CCJC foi talvez a principal responsável pelas oscilações na formação geral dos preços;, destacou.

Pelo mundo

Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, despencou 3,12%, e a Nasdaq, das ações de tecnologia, se manteve estável em -0,08%. Na Europa, Londres ficou praticamente estável, com alta de 0,02%. Paris fechou com valorização de 0,62%, pouco acima de Frankfurt, de 0,43%; e de Milão, de 0,37%.

O mercado asiático ficou dividido, de acordo com analistas, em consequência de dados específicos de cada nação. As influências vieram da China e do Japão. Na China, o resultado do PIB (alta de 6,4% no primeiro trimestre) veio acima das expectativas. E, no Japão, a balança comercial ficou no vermelho, em 2018, pela primeira vez em três anos, além de o país ter registrado deficit, este ano até março, de US$ 14,2 bilhões.

"Sem as reformas, a União também está em dificuldades, e aí é um abraço de afogados, vai ajudar estados e municípios como?;
Paulo Guedes, Ministro da Economia